São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Trabalho prejudica filho, diz estudo

MARIA CRISTINA FRIAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LONDRES

Crianças cujas mães trabalham em período integral têm duas vezes mais chances de serem reprovadas nos exames do que aquelas de mães que ficam em casa ou trabalham apenas parte do dia, segundo uma pesquisa da Universidade North London.
O estudo identifica uma "privação de classe média" entre famílias em que os pais trabalham o dia todo. Suas crianças apresentam piores resultados na escola, comparadas às de outras famílias, apesar da vantagem da renda dupla.
No Reino Unido é cada vez maior o número de mães que retornam ao trabalho logo após a licença-maternidade e deixam seus filhos em berçários ou com babás. Mais de 40% das mães com crianças de menos de cinco anos trabalham atualmente no país.
Pesquisadores da universidade acompanharam durante dois anos 600 famílias em Barking e Dagenham, na região norte de Londres.
Segundo os resultados do estudo, 11% das crianças de mães que trabalham apenas algumas horas por dia deixaram a escola sem o certificado de GSCE (o diploma das escolas secundárias britânicas, que se obtém aos 16 anos). A cifra é mais que o dobro, 25%, entre as crianças cujas mães trabalham em período integral.
O estudo sugere ainda que crianças de mães que trabalham muito são mais sujeitas a problemas de comportamento, além de notas baixas, do que as crianças de mães que ficam em casa.
Margaret O'Brian, responsável pelo estudo, descreveu os resultados como preocupantes. Ela identifica como "a hora crítica" para as crianças o momento em que voltam da escola e querem alguém para contar como foi o dia.
"Se elas não têm com quem falar, tornam-se desinteressadas pela escola e isso resulta num desempenho pior."
A pesquisa é o primeiro estudo britânico a corroborar controversos resultados americanos. Segundo eles, crianças brancas de pais que trabalham sofreriam mais sua ausência. Crianças negras e de mães que educam os filhos sozinhas seriam menos afetadas.

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