São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997 |
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Russos ameaçam romper com Ocidente Tchubais faz advertência CLÓVIS ROSSI
A ameaça de rompimento inclui as relações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Clube de Paris, informal organização de países credores não só da Rússia, mas de muitos países em desenvolvimento, Brasil inclusive. Inclui ainda paralisar as negociações em andamento para a adesão da Rússia à OMC (Organização Mundial do Comércio), xerife do comércio internacional. Tchubais diz que ampliar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para países como Polônia e República Tcheca seria "o maior erro das lideranças ocidentais nos últimos 50 anos". Ou seja, desde o fim da Segunda Guerra Mundial e, por extensão, do início da Guerra Fria, o confronto ideológico entre o comunismo e o capitalismo. A advertência foi feita de uma tribuna privilegiada: o Fórum Econômico Mundial, a maior concentração planetária de personalidades, entre governantes, acadêmicos e dirigentes das grandes corporações econômicas. O fato de partir de Tchubais provocou ainda maior impacto. Ele é um hiperliberal, comandou o processo de privatização na Rússia e é um ocidentalista convicto. Mas diz que, na rejeição à ampliação da Otan, coincide, "pela primeira vez em cinco anos" (desde o fim da União Soviética, portanto), com o líder comunista Guennadi Ziuganov e o neofascista russo Vladimir Jirinovski. "E com 99% da população russa." 'Única chance' Tchubais acha um erro a ampliação da Otan em qualquer circunstância, mas acredita que há "uma única chance de atenuá-lo": seria um acordo entre a Otan e a Rússia, antes da cúpula da Otan prevista para julho em Madri, quando a ampliação será formalizada. O acordo está sendo intensamente negociado entre o próprio Tchubais e lideranças ocidentais, como o chanceler (premiê) alemão, Helmut Kohl, o presidente francês, Jacques Chirac, e o secretário-geral da Otan, o espanhol Javier Solana. Tchubais encontrou-se ontem com o presidente polonês, Alexander Kwasniewski, e combinou uma vista a Varsóvia, para explicar as razões russas para rejeitar a ampliação, que vigoraria em 99. Há razões também de política interna. O chefe de gabinete do Kremlin diz que a ampliação da Otan "jogaria um maravilhoso argumento nas mãos do comunismo e do nacionalismo russos, que ficariam mais fortes do que antes". Consequência, sempre segundo Tchubais: "Poderia provocar uma completa reviravolta no panorama político da Rússia, em favor dos inimigos do Ocidente". Texto Anterior: Governo da Bulgária forma novo gabinete Próximo Texto: Trabalho prejudica filho, diz estudo Índice |
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