São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Caça a votos chega até ao aeroporto

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa pela presidência da Câmara transformou ontem o aeroporto de Brasília em uma extensão dos corredores da Casa.
Os três deputados candidatos levaram funcionários de seus gabinetes e das lideranças dos partidos para fazer campanha eleitoral, aproveitando a chegada dos parlamentares à cidade.
Wilson Campos (PSDB-PE) e Prisco Viana (PPB-BA) reforçaram a equipe contratando moças para distribuir adesivos.
Vera Figueiredo, 31, vai receber R$ 150 e refeições por três dias de trabalho para Wilson Campos. "Já fiz muita campanha eleitoral. Até para o PT."
A estudante Lilia de Souza, 17, fez campanha de graça ontem. Ilma Naves, 38, secretária parlamentar do gabinete de Wilson Campos e coordenadora do grupo, explica em que isso pode resultar: "Se surgir um emprego, ela será lembrada".
As equipes de Wilson Campos e de Prisco Viana formaram um "corredor polonês" para todas as pessoas que desembarcavam em Brasília, deputados ou não. O grupo de Temer preferiu ficar mais adiante, com bandeiras.
O assédio causou surpresa. "Nunca vi isso em 20 anos de Brasília. Nem nas eleições da minha terra, onde há muita disputa", disse Ney Lopes (PFL-RN).
Para Lopes, a reeleição aumentou o interesse pelo cargo. "Se for necessária a desincompatibilização, o presidente da Câmara vai ser presidente da República por sete meses."
Alguns deputados abordados não gostaram e foram "grossos", segundo a coordenadora do grupo de Prisco Viana, Magda dos Santos, 25. Ela é funcionária do Tribunal Regional Eleitoral e foi contratada pela mulher de Prisco, Sílvia. Está recebendo R$ 50 por dia de trabalho.
Segundo Helga Jucá, que trabalha na liderança do PFL na Câmara e fazia campanha para Michel Temer no aeroporto, as lideranças do PFL, PMDB e PSDB cederam quatro funcionários cada para a campanha no aeroporto.

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