São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Motta diz que quer "destruir" Lerner

Governador do PR lutou contra a reeleição

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Sérgio Motta (Comunicações) disse ontem que quer "destruir" o governador do Paraná, Jaime Lerner (PDT), adversário da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Vamos nos unir e destruir aquele cara (Lerner)", disse Motta a quatro deputados do PFL paranaense. "Agora isso é um problema meu. Precisamos acabar com essa ficção", acrescentou.
A ameaça, testemunhada pela Folha, foi feita quando Motta chegou a almoço em homenagem ao deputado Michel Temer (PMDB-SP), candidato governista à presidência da Câmara.
Outro lado
Jaime Lerner foi procurado ontem à tarde pela Agência Folha. A Secretaria de Comunicação Social do governo do Paraná, informada sobre as afirmações de Motta, não comentou o caso até as 19h30 de ontem.
Inocêncio
Mais tarde, o ministro voltou à carga e fez brincadeiras com o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), sobre a estratégia de "rolo compressor" adotada pelo governo para aprovar a emenda da reeleição e eleger Temer.
"Eu e o Inocêncio formamos uma aliança do mal. Não fica nada na frente", afirmou Motta, ao anunciar que Michel Temer já teria 341 votos.
O líder do PFL, que estava sentado à mesma mesa, riu e respondeu: "Ele passa o trator, e eu passo a patrola (niveladora)".
Barganha
O deputado Luciano Pizzato (PFL-PR), uma das testemunhas da ameaça a Lerner, disse que ficou "chocado" com a atitude do ministro. No Paraná, o PFL é aliado do governador e adversário do PSDB, partido de Motta.
O PDT-PR, controlado por Lerner, tem um representante na Câmara dos Deputados -Fernando Ribas Carli, que seguiu a orientação do governador e não votou na sessão em que a emenda da reeleição foi aprovada.
Os outros deputados a quem Motta se dirigiu são Abelardo Lupion, Werner Wanderer e Valdomiro Meger, que trocou ontem o PPB pelo PFL.
Durante o almoço, Meger comentou com outros deputados que tinha sido aconselhado a adiar a filiação a fim de aumentar seu poder de barganha.
A frase foi ouvida por um pefelista, que o convenceu a mudar de idéia e oficializar já a adesão.

Colaborou a Agência Folha

Texto Anterior: Covas deixa professor parente de deputado estadual virar assessor
Próximo Texto: CPI fará denúncia contra diretor do BC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.