São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Iris atribui derrota a governo

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato derrotado à presidência do Senado, Iris Rezende (PMDB-GO), 63, ficou surpreso e decepcionado com os 24 votos de diferença com os quais perdeu a eleição para o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Mesmo declarando que não se sentia traído, Iris atribuiu sua derrota à pressão do governo e à decisão do PSDB de apoiar ACM.
"Até ontem (anteontem) à noite, eu esperava ganhar. Mas sou democrata e aprendi ao longo da vida a me curvar a todos aqueles que têm o poder de decisão", disse.
Até segunda-feira à tarde, antes da decisão tucana, Iris dava como certa a vitória, por 42 votos -apenas um a mais que o necessário.
Depois que o PSDB se declarou favorável ao candidato pefelista, Iris reconsiderou. "Houve uma descompensação, principalmente daqueles de outras siglas que pensavam em dar o voto a mim, na expectativa da vitória."
O senador decidiu sair em busca de oito votos que julgava precisar. Isso porque, segundo seus cálculos, o PMDB lhe daria 22 votos, e o bloco de oposição, outros 11.
Passou a fazer um corpo-a-corpo atrás de votos de senadores de todos os partidos. "Não existe cerca, não tem porteira. Tenho que pelo menos tentar esses votos", disse à Folha ontem pela manhã.
Foi dormir à 1h30. Evangélico, orou antes. Também orou às 6h, quando acordou. "Nenhum pedido especial", afirmou. Às 7h deixou de se exercitar na esteira ergométrica que tem em casa e passou a ligar para os colegas.
Às 11h20, já no Senado, deixou vazar que tinha obtido 43 votos e que isso o tranquiliza. Para os mais íntimos, no entanto, deixou transparecer a derrota. Contabilizava 36 dos 41 votos necessários.
No plenário, no entanto, o apoio foi muito menor: só deve 28 dos 36 votos esperados. "Quero acreditar que pelo menos o PMDB me deu os seus 22 votos", afirmou Íris, antes de ir para a casa, às 16h40. "Mas essa análise tem que ser feita de cabeça fria."
Íris reconheceu de imediato a derrota, cumprimentou ACM com um abraço e negou que vá trabalhar contra o governo, apesar de ele ter sido decisivo na sua derrota.
"Tenho como princípio de vida não guardar no coração tudo aquilo que me foi prejudicial. Gosto sempre de olhar para a frente, buscar um novo dia", afirmou.

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