São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Doenças erradicadas reaparecem no país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento da população que vive em áreas sem saneamento e o desmatamento de áreas virgens de floresta fizeram com que doenças infecciosas que estavam erradicadas ou sob controle voltassem a atingir o Brasil e demais países em desenvolvimento.
São as chamadas doenças reemergentes, que atingem sobretudo a América Latina, África e Sudeste Asiático.
No Brasil, doenças que estavam sob controle como malária, diarréia, tuberculose e cólera viraram problema de saúde pública.
O caso mais notório é a epidemia de dengue clássica, que fez 155 mil vítimas em 96. Dos 26 Estados brasileiros, apenas o Amapá está livre de focos do mosquito, que transmite a dengue e a febre amarela.
Os motivos são a ineficiência das ações de combate ao mosquito e o crescimento da população que vive em áreas sem saneamento.
No caso da malária, além da falta de recursos para combater o mosquito Anofelino, o desmatamento de áreas virgens da floresta amazônica contribui para que a doença voltasse a crescer a partir do segundo semestre de 1996, depois de ter sofrido queda de 20% em 95.
Outra doença reemergente que ameaça o Brasil é a dengue hemorrágica, que é mais grave do que a clássica e pode matar.
Preocupada com o avanço crescente de moléstias que acreditava estarem erradicadas, a OMS (Organização Mundial da Saúde) elegeu esse assunto como tema do Dia Mundial da Saúde, que será celebrado em 7 de abril.
Febre amarela
O risco de reurbanização da febre amarela é apontado por infectologistas brasileiros como a ameaça mais séria do fenômeno das doenças reemergentes.
"Há cada vez mais municípios vizinhos às áreas em que a febre amarela silvestre é endêmica, com focos do Aedes aegypti, disse Marília Bernardes, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz.
Para ela, o Brasil precisa começar a agir desde já para impedir a reurbanização da doença. "Uma das idéias seria a vacinação em massa da população contra febre amarela. Ou, pelo menos, das pessoas que vivem em regiões próximas às áreas endêmicas", disse.
Segundo Bernardes, como hoje os movimentos migratórios são rápidos e de grandes proporções, o reaparecimento de uma doença extinta em um país pode atingir todo um continente em semanas.
O uso maciço de antibióticos e de inseticidas também é apontado como causador do ressurgimento de doenças que estavam quase erradicadas ou eram de cura fácil, como a tuberculose ou gonorréia.
A tuberculose voltou a ser problema de saúde até nos EUA porque surgiram bactérias resistentes à maioria dos antibióticos.

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