São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Ouvidor critica corregedoria da PM

ANDRÉ LOZANO

ANDRÉ LOZANO; CLAUDIA VARELLA
DA REPORTAGEM LOCAL

CLAUDIA VARELLA
O ouvidor da polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, considerou "precipitada" a conclusão preliminar da Corregedoria da Polícia Militar de que a ação da PM que resultou na morte do comerciante Osvaldo Manoel da Silva tenha sido correta.
Silva, 28, foi morto no sábado passado, em Santo André (Grande SP), com três tiros durante operação do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) para resgatar sua mulher, Márcia dos Santos Silva, 21, que foi mantida como refém por ele. A família acusa os policiais de terem matado Silva dominado.
"É precipitada a conclusão da corregedoria, mesmo que preliminar, de que não houve execução do comerciante", disse Mariano.
"Preliminarmente podemos pensar em ação legal. O comerciante teria recebido os tiros após reagir", disse anteontem o tenente Edson Roberto do Amaral, responsável pela investigação na corregedoria. Os PMs estão afastados.
A corregedoria fez acariação eletrônica com os policiais que participaram da ação. "Eles mostraram no vídeo, passo a passo, a operação. A argumentação, tecnicamente, é convincente. Ou seja, o comerciante teria levado os três tiros na sacada do apartamento. Agora vai depender dos laudos", disse ontem o capitão da corregedoria David Antonio de Godoy.
Perícia
Exame feito pelo Instituto de Criminalística, em Santo André, aponta que foram feitos disparos recentes dos dois revólveres calibre 38 apreendidos com Silva.
O exame, no entanto, não indica há quanto tempo os tiros foram disparados nem quem os disparou. O exame não descartada a hipótese de o comerciante ter atirado no dia da tragédia.
O exame residuográfico não apontou resíduos de pólvora ou chumbo nas mãos de Silva.
O perito encarregado do caso, Carlos Fontinhas, 45, disse que o exame é apenas uma "orientação" para o inquérito.
Apenas com o exame, não é possível, segundo ele, afirmar se Silva atirou ou não. "O resultado deu negativo, mas isso não implica que ele não tenha atirado", afirmou.
O laudo do exame residuográfico diz que "não se deve excluir a possibilidade de que a pessoa examinada tenha sido a autora de disparo de arma de fogo, uma vez que o resultado depende da espécie da arma, o estado, a munição e a maneira de empunhadura".
O delegado Ferreira disse que não pode concluir se Silva atirou ou não apenas com o exame residuográfico. "Depende ainda de outras circunstâncias."
A corregedoria deve ouvir esta semana a mulher do comerciante.

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