São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Redes levam supérfluos à periferia

Demanda aumentou

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A avidez pelo consumo das classes de menor poder aquisitivo está levando os supermercados a sofisticarem a oferta de produtos -sobretudo importados- na periferia de São Paulo.
Há pouco apenas à venda nas lojas de bairros centrais da capital paulista, os alimentos considerados supérfluos estão agora à disposição nos bairros mais pobres, a ponto de mexer com a política de compra das empresas.
No supermercado Barateiro de São Matheus (zona leste), por exemplo, a venda de pistache da Turquia, de legumes semi-elaborados franceses, de batatas fritas e molhos norte-americanos está indo tão bem que a empresa decidiu rechear a loja com eles.
Até setembro do ano passado, a linha de importados representava cerca de 3% a 4% da receita dessa loja e estava restrita a vinhos e massas. Hoje, participa com 8% a 10% e é muito mais variada, informa Antonio Jorge Fernandes da Silva, diretor operacional.
Além dos importados, a rede Barateiro -que tem 30 lojas, das quais 20 estão localizadas na periferia- decidiu levar à loja de São Matheus cortes de carnes especiais e variedade de produtos considerados supérfluos -como iogurtes, frutas secas etc.
"O poder de compra das classes C e D está surpreendendo." A estratégia da rede, conta Fernandes da Silva, é, agora, estender a oferta de importados e produtos supérfluos para outras das suas lojas -a de Diadema e a de Santo Amaro. Nas duas, os importados têm pouca participação -cerca de 1% e 2% do faturamento. Mas devem corresponder a 8% em pouco tempo.
A rede de supermercados D'Avó, que tem cinco lojas na zona leste de São Paulo, acaba de importar da Itália 48 mil pacotes (com 500 gramas cada um) de macarrão para vender durante um mês.
"Estamos complementando o mix de produtos porque há demanda", diz Martinho Paiva Moreira, diretor administrativo.
A rede diz que nas suas lojas já há grande procura por molhos, chocolates e até artigos de perfumaria importados. "São produtos que já têm giro garantido."
As mercadorias consideradas supérfluas, conta ele, já representam 13% do faturamento da rede -de R$ 120 milhões no ano passado. Há dois anos, representavam 5%. A rede D'Avó já está pensando na Páscoa e decidiu importar da Noruega 48 toneladas de bacalhau.
O supermercado São Jorge, que também tem cinco lojas -das quais duas estão na periferia- também está ampliando a oferta de produtos mais sofisticados.
Francisco Neto, diretor operacional, diz que o número de itens aumentou de 5.500 -em 1994- para 7.000. "O importado está se popularizando." A linha de supérfluos representa cerca de 10% a 15% da receita da empresa.
No Cândia, os supérfluos participam com 12% da venda de produtos de mercearia, 25% da de bebidas e 15% da de congelados.

Texto Anterior: Lloyds compra Multiplic por US$ 600 mi
Próximo Texto: Sé importa US$ 80 mil em peças
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.