São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Milosevic aceita vitória da oposição

Zajedno critica solução do governo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, pediu ontem ao Parlamento que aprove lei especial para reconhecer a vitória da oposição em 14 cidades, mas não agradou totalmente a oposição.
O governo socialista sérvio anulou as eleições vencidas pela coalizão oposicionista Zajedno em novembro, o que desencadeou uma onda de protestos que pôs Milosevic em risco. Ontem, o governo enviou ao Parlamento uma proposta de lei para dar a vitória à oposição.
A oposição discorda do meio como Milosevic reconheceu a derrota e anunciou que vai manter os protestos diários. "De um sem-número de formas normais para resolver a crise pós-eleitoral, Milosevic escolheu a mais peculiar, que corresponde a seu caráter político: não serão as instituições do sistema, mas ele, o Senhor da Sérvia, que dá a piedade eleitoral mediante uma lei", ironizou Dragor Hiber, conselheiro jurídico da Zajedno (Unidos).
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, que fiscalizou as eleições e reconhece a vitória da oposição, emitiu opinião semelhante: "Não são necessárias leis para reconhecer o resultado", disse Melissa Fleming, porta-voz da organização, em Viena (Áustria).
O Parlamento poderia começar a debater a proposta ainda na tarde de ontem, mas ela tem poucas chances de ser barrada -a não ser que Milosevic recue.
Um diplomata ouvido pela agência "Reuter" disse, sem se identificar, que está intrigado sobre o motivo que levou Milosevic a esperar 11 semanas para ceder.
O fato de Milosevic reconhecer a derrota nas eleições municipais já era previsto, devido ao isolamento financeiro ao qual a crise levou a Sérvia. Mas a decisão parece ter sido acelerada pela má repercussão dos choques entre policiais e manifestantes no domingo e na segunda-feira.
Ontem, a Zajedno voltou a reunir uma multidão no centro de Belgrado, a capital e principal cidade sérvia. Foram 80 mil pessoas.
Zoran Djindjic, um de seus líderes, convocou um novo comício para a tarde de hoje. "(O projeto de lei) é um primeiro passo, mas não é suficiente", disse.
Agressão
Um carro diplomático francês foi agredido na noite de ontem, e seu motorista quase foi linchado por jovens desconhecidos, em Belgrado. A "Reuter" disse que um dos agressores estava na manifestação, horas antes. Um tiro disparado para o alto dispersou os jovens e evitou que o motorista fosse morto. O motorista, estrangeiro, não teria entendido pedido dos ativistas para buzinar.

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