São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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TERNURA OU MALVADEZA?

A eleição de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) para a Presidência do Senado é decorrência de uma negociação política cujo episódio central é a emenda constitucional que prevê o direito à reeleição para o Executivo. Nesse sentido, o resultado até pode ser avaliado como uma pontual vitória de Fernando Henrique Cardoso, que se comprometeu com a candidatura do senador baiano.
Entretanto, a confirmação de ACM à frente do Congresso Nacional não chega a significar uma verdadeira conquista política do presidente da República, que poderá, num futuro próximo, enfrentar dificuldades decorrentes da eleição de ontem. Mesmo tendo recebido o apoio do governo federal, o novo presidente do Senado assume com um poder político revigorado que não necessariamente será utilizado em defesa dos interesses do Palácio do Planalto.
A aliança de FHC com Antonio Carlos Magalhães, em virtude da campanha presidencial de 1994, não só garantiu a formação de uma chapa abrangente, com Marco Maciel como candidato a vice, mas também proporcionou uma razoável governabilidade após a vitória. Como naquele ano, Fernando Henrique Cardoso acaba de ser levado ao pragmatismo de apoiar ACM por acreditar que se tratava da única alternativa viável.
O componente político-familiar da disputa no Congresso certamente não foi desprezado por FHC. O deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), como presidente da Câmara, conseguiu aprovar a emenda que prevê o direito à reeleição, em primeiro turno. A confirmação de seu pai como presidente do Senado era um compromisso do qual Fernando Henrique Cardoso não pôde fugir.
A personalidade e o histórico político de Antonio Carlos Magalhães lhe permitem atitudes e posicionamentos caracterizados pelas denominações "Toninho Ternura" e "Toninho Malvadeza". Não se sabe claramente qual irá prevalecer em sua gestão no Senado. Possivelmente, de forma alternada, os dois. Será nessas diferentes situações que o presidente da República terá de se haver.

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