São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Temer avalizou negócio irregular

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Como procurador-geral do Estado no governo de Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), Michel Temer avalizou o parecer que, em 1991, tirou da vida pública o ex-senador Severo Gomes (PMDB).
Então secretário de Ciência e Tecnologia, Severo remetera à procuradoria os processos das importações -sem licitação- de equipamentos de Israel (US$ 310 milhões), acertados no governo de Orestes Quércia, do PMDB.
Os sinais da negociata já eram visíveis: faturas falsas, preços astronômicos, contratos sem anexos, firmados antes do parecer jurídico da pasta e em nome de empresas fantasmas num paraíso fiscal.
"Nada há de ilegal", afirmou então Temer. Ao tratar da celeridade com que a negociata foi consumada, disse que isso "deveria ser a regra no serviço público".
A operação foi sustentada pelo então reitor da USP, Roberto Leal Lobo e Silva, que atestou que os preços eram "compatíveis".
Temer considerou "irretocáveis" os argumentos do procurador Carlos Ari Sundfeld, que cunhou a seguinte avaliação: "Vale mais o peso da conclusão singela mas firme de um especialista notório do que as caudalosas razões de um leigo bem intencionado".
Investigações confirmaram que Lobo e Silva não era notório especialista no assunto, e o superfaturamento foi comprovado na Justiça. Diante dos pareceres de Temer e Sundfeld, Severo demitiu-se, dizendo que havia "fraude".

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