São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Temer vence com votação menor do que a esperada

DANIEL BRAMATTI
LUCIO VAZ

DANIEL BRAMATTI; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Peemedebista teve 257 votos; Sérgio Motta havia previsto 'mais de 350'

O deputado Michel Temer (PMDB-SP) foi eleito ontem presidente da Câmara com 257 votos (maioria absoluta da Casa), quase cem a menos do que previam os governistas. Wilson Campos (PSDB-PE) teve 119 votos, e Prisco Viana (PPB-BA), 111.
A vitória de Temer consolidou a maioria governista, garantiu a aprovação da emenda da reeleição em segundo turno na Câmara e impôs mais uma derrota ao ex-prefeito Paulo Maluf (São Paulo), que apoiava Prisco.
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse a líderes governistas que estava decepcionado com o desempenho de Temer. Segundo o presidente, Temer teria perdido a eleição se não fosse o esquema montado pelo governo.
O rolo compressor do governo continuará em ação para tentar aprovar também as reformas que estão paradas (tributária, administrativa e política).
O ex-presidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), aliado de Temer, atribuiu o erro nas contas a uma má avaliação sobre os votos do PPB e do PTB. "Embananamos nas contas."
O comando da campanha atribuiu a surpresa ao trabalho de boca-de-urna dos adversários, mas admitiu que houve traições.
Eleito com apoio ostensivo de FHC e de seus ministros, Temer prometeu, ao assumir o cargo, uma gestão independente em relação ao Palácio do Planalto.
Ele foi eleito numa aliança com o PFL e o PSDB, que formam o núcleo da base governista. O apoio do Executivo foi um prêmio ao esforço de Temer pela aprovação da emenda da reeleição.
A eleição também consagrou o cumprimento de um acordo entre o PMDB e o PFL feito em 1995, quando Luís Eduardo foi eleito.
O ministro Sérgio Motta (Comunicações), principal articulador político de FHC, participou do corpo-a-corpo na busca de votos. Também trabalharam a favor do candidato 11 governadores de PFL, PSDB, PMDB, PPB e PSB.
Ontem pela manhã, Motta avaliou em "mais de 350" o número de votos seguros. O vice-líder do PMDB Eliseu Padilha (RS), responsável pela contabilidade, previa 320 votos.
Temer conquistou exatamente o apoio da maioria absoluta dos membros da Casa (257 de 513). Se houvesse um voto a menos, a polêmica em torno do quórum necessário para a eleição em primeiro turno poderia acabar no STF (Supremo Tribunal Federal).
Luís Eduardo anunciou que daria a vitória ao candidato que obtivesse maioria absoluta entre os votos válidos (251 de 501). O PT argumentava que seria necessária a maioria absoluta da Casa.
Temer foi eleito com o discurso corporativista de Wilson Campos, que se apresentava como representante do "baixo clero".
Prometeu aumentar os salários dos deputados e a verba de gabinete, utilizada para a contratação de assessores, e criar um canal de TV a cabo para a Câmara.
O primeiro vice-presidente da Câmara será Heráclito Fortes (PFL-PI), fiel aliado de Luís Eduardo. O primeiro secretário será Ubiratan Aguiar (PSDB-CE).

Colaborou a Sucursal de Brasília
LEIA EDITORIAL sobre a eleição de Michel Temer à pág. 1-2

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