São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Governo 'esquece' compra de petróleo

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Importações de US$ 650 milhões feitas pela Petrobrás ficaram de fora do resultado da balança comercial de janeiro, que pelos números contabilizados pelo governo apresentou superávit de US$ 60 milhões.
O erro, detectado anteontem, fez o governo adiar o anúncio da balança comercial.
A balança mede a diferença entre exportações e importações e é acompanhada de perto pelo mercado financeiro e pelos investidores internacionais.
Os números em poder do governo, antecipados nesta semana pela Folha, significariam o primeiro superávit comercial brasileiro desde maio do ano passado.
Segundo técnicos do governo, o resultado oficial do mês, que sai até sexta-feira, não será alterado. Isso significa que não constará das estatísticas um déficit de quase US$ 600 milhões registrado durante o mês de janeiro.
As importações da Petrobrás serão contabilizadas em fevereiro, o que aumentará o déficit já esperado para este mês.
Conjuntura
Para as análises de conjuntura da equipe econômica, entretanto, será utilizada estimativa de déficit de US$ 600 milhões durante o mês de janeiro, segundo Carlos Vieira do Nascimento, coordenador da área externa da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
É que o mecanismo de segurança do sistema de registro do comércio exterior não permite alterações nos dados do mês anterior.
E os números de importação e exportação do mês de janeiro somente foram analisados pelos gestores do Siscomex a partir do último dia 3.
Trapalhada O erro no total das importações da Petrobrás só foi identificado anteontem, véspera da divulgação dos números da balança comercial de janeiro.
Os técnicos constataram que haviam sido registradas compras externas de petróleo de US$ 61,5 milhões -valor bem abaixo da média mensal de 1996, de US$ 500 milhões, e do total verificado em dezembro, de US$ 775 milhões.
Descoberta a trapalhada, o MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo) e Ministério da Fazenda divulgaram nota ontem na qual assumem que "foram internalizados cerca de US$ 650 milhões de importações na categoria de combustíveis e lubrificantes, grande parte sem registro no Siscomex".
Esse regime, segundo Nascimento, não foi adaptado e incorporado ao Siscomex.
Segundo Nascimento, o segmento de importação do Siscomex opera com quase 100% de normalidade desde meados de janeiro. Mas o processo de reavaliação dos dados incluídos nas declarações de importação ainda conta com alta probabilidade de erro.

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