São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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A solução para a Vale

LUÍS NASSIF

O governo conseguiu chegar a bom termo na questão do preço da Vale do Rio Doce para privatização.
O processo estava emperrado na descoberta de novas jazidas de ouro, de grande potencial. Potencial não é certeza. Dependendo do resultado final, o preço da Vale poderia ter sido barato ou caro. Mas só se iria saber disso daqui a dois anos, quando as descobertas fossem efetivamente cubadas.
A solução saiu de um tipo de operação que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já fez com a Vale em outras oportunidades.
Depois de localizada a jazida, há uma fase de investimentos na cubagem. Na jazida de ouro de Igarapé Bahia, o BNDES fez um acordo pelo qual financiou as pesquisas e ficou com direito a um terço da mina.
Essa mesma operação será repetida com a Vale. O BNDES bancará metade dos custos de investimento e ficará com metade do lucro.
Hoje em dia, o Tesouro controla 50% da Vale. Se a empresa não fosse privatizada, o Tesouro teria direito a 50% da exploração da mina de ouro.
Na nova fórmula, preserva-se essa participação. Como o Tesouro controla em 100% o BNDES, continuará com direitos integrais a 50% do resultado da mina. E esses direitos poderão ser transferidos quando houver uma noção melhor sobre o potencial da jazida.
Exportação
Recentemente, a Confab conseguiu vencer a licitação para a construção do gasoduto Brasil-Bolívia porque o BNDES garantiu o financiamento, por intermédio de uma linha de comércio exterior.
Nesta semana, o banco disponibilizou US$ 1 bilhão de financiamento às exportações para a Embraer se habilitar a duas concorrências internacionais.
Com isso, constata-se o óbvio: sem o câmbio, a maneira mais rápida de estimular exportações é garantir financiamentos a taxas internacionais.
Itautec
O banco prepara-se para entrar como acionista da Itautec, visando aumentar a escala de produção da empresa.
Donos da Açominas
A coluna recebe correspondência do Clube de Participação Acionária dos Empregados da Açominas, a respeito de artigo recente -no qual se mencionava como fragilidade o fato de a Açominas não ter sistema de controle definido.
"Acreditamos que a moderna organização societária está abolindo a 'figura' do dono e exigindo, como sempre exigiu, a 'função' de dono. Essa função deve ser exercida por grupos de controle empresariais coesos, por meio de uma gestão profissional".
Na carta, o clube reconhece que errou quando entregou a gestão da Açominas ao grupo Mendes Júnior.
Mas lembra que, depois disso, destituiu a Mendes Júnior da gestão, organizou-se em um grupo de controle que deu estabilidade à administração da Açominas e foram contratados executivos de primeira linha, com independência de gestão.
Lembra que a empresa fez uma securitização de exportações, na qual foi muito bem avaliada pelos investidores internacionais.
Esses dados demonstram que a cultura da sociedade anônima começa a ser assimilada pelo país.

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