São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC engrossa a voz com EUA, 3 dias após crítica de Eizenstat

'Não há o que cobrar' e 'agenda é nossa', diz o presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "não há o que cobrar" do Brasil em matéria de privatizações. "Não temos que estar de cabeça baixa, temerosos de não estarmos cumprindo a agenda tal e qual. A agenda é nossa", disse FHC.
A reação de FHC aconteceu três dias após a Folha ter publicado declarações de Stuart Eizenstat, subsecretário para o Comércio Internacional do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, que cobrou maior agilidade nas privatizações e na abertura do capital brasileiro ao exterior.
"Em certos momentos é preciso colocar as coisas como elas são. O tempo nós é que somos senhores, no que diz respeito aos interesses do Brasil. Vamos utilizar esse tempo com propriedade -não com velocidade. Com propriedade, na velocidade necessária, para que o objetivo, que é o interesse nacional e popular, seja garantido", afirmou.
Sem citar a autoria das críticas nem sua origem, Fernando Henrique disse que o Brasil está avançando numa velocidade bem maior que outros países "que são apontados como pioneiros". Segundo ele, porque eles "têm enfrentado mais dificuldades e mais entraves para sua transformação que o nosso país".
A resposta de FHC foi logo após uma crítica feita pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações), durante solenidade no Palácio do Planalto que autorizava o início da desestatização de empresas de telecomunicações.
Motta disse ter instruído o Ministério das Relações Exteriores que não aceitasse "puxões de orelha" durante reuniões da OMC (Organização Mundial do Comércio), quando tratasse da questão de privatização. "Em breve, nós é que vamos puxar orelhas", afirmou o ministro.
FHC, ao comentar a frase de Motta, brincou: "Ainda bem que o Motta não é o ministro das Relações Exteriores". Segundo o presidente, essa postura não é apenas "retórica para esconder a inércia".
"Diz-se isso para mostrar que nós somos responsáveis pelo que fazemos e portanto fazemos com muita convicção as transformações que estamos operando", afirmou o presidente.

Texto Anterior: A solução para a Vale
Próximo Texto: Estrangeiros enviam R$ 682 mi à Bolsa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.