São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997
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Polícia encontra bebê sequestrado

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A menina Sylvia Carolina Rozatto, de quatro meses, foi encontrada ontem, às 2h, pela polícia em São Paulo. Após 19 horas de cativeiro, ela foi abandonada pelos sequestradores, que a haviam alimentado e trocado sua fralda.
"Eu e minha mulher pensávamos que havia acontecido o pior, que nossa filha estava morta", disse o empresário Darcy Sílvio Rozatto, 54. Sylvia é a primeira filha de seu segundo casamento.
A criança foi examinada por um médico. "Quando nós a recebemos, ela sorriu ao reconhecer a mãe. Ela estava dócil e parece que foi bem tratada. Dormiu bem de noite e está se alimentando", disse.
Sylvia foi deixada pelos sequestradores na estrada de Itapecerica da Serra, no Capão Redondo (zona sul). Ela estava no Gol que havia sido roubado do empresário.
Não houve pagamento de resgate. Dois ladrões haviam levado a menina do apartamento dos pais, anteontem, às 5h, na avenida Dória, na Vila Alexandria (zona sul).
Eles renderam o porteiro do prédio e, em seguida, o zelador. Depois, renderam dois moradores. Mandaram o zelador chamar o empresário no térreo sob o argumento que o vidro traseiro do carro de Darcy havia sido quebrado.
"Eles entraram no prédio para me assaltar", disse. Um ficou na portaria e o outro foi ao seu apartamento. Queria reais ou dólares.
Como Darcy não tinha dinheiro em casa, o ladrão que estava em seu apartamento decidiu sequestrar a criança. "Tentei impedi-lo. Disse que podíamos retirar o dinheiro em caixas eletrônicos, mas ele não quis. Ele afirmava que eu era rico e o estava enganando."
O sequestrador pegou o carrinho do bebê e uma manta para a menina. Após 40 minutos, os ladrões saíram. "Eu dirigi meu carro até a portaria. Pensei que me levariam com a criança, mas o assaltante me jogou fora do carro e o companheiro dele assumiu a direção."
Por volta das 7h, os sequestradores telefonaram. Queriam R$ 100 mil. Essa foi a primeira das cinco ligações feitas durante a negociação do resgate.
"Reuni a família e decidi chamar a polícia. Se não tivesse feito isso, não estaria vivo." O valor final do resgate ficou em R$ 6.000.
Na entrega do dinheiro, no Monumento das Bandeiras (zona sul), a criança devia ser devolvida. "Vi o sequestrador se aproximar sem minha filha. Disse que ele havia rompido o acordo e que não ia lhe dar o dinheiro. Então, ele falou: 'Eu vou te matar'. Sacou duas armas, atirou, mas errou."
Tiroteio
A polícia interveio. Houve tiroteio, e Silvani Pinheiro Ribeiro, 25, foi preso. "Quando me levantei do chão, vi o sequestrador fugindo e atirando nos policiais."
Ribeiro foi alvejado no peito, nas costas e no braço. Ontem, foi liberado do hospital. Ele havia fugido em 22 de julho de 1996 do Instituto Penal Agrícola de Sorocaba (SP).
Ribeiro está condenado a 11 anos e um mês de prisão e responde a outros três processos sob a acusação de roubo a banco.
Dois sequestradores, um homem e uma mulher que fugiram com a criança permaneciam foragidos até as 19h de ontem.
"Após o tiroteio, pensei que minha filha ia ser morta. Quando fui levar o resgate sabia que eu corria o risco de ser baleado".
Ao lado do marido no hall do prédio em que moram, Rosilene Souza Brito, 34, disse querer sair de São Paulo. "Essa é minha vontade."

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