São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997
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Empresas não querem 'adotar' sem-teto

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas responsáveis pela limpeza pública de São Paulo aceitam contratar os moradores de rua desde que a prefeitura dê moradia, documento e acompanhamento profissional para a readaptação social do sem-teto.
A proposta de contratação dos moradores de rua foi feita ontem pelo prefeito Celso Pitta às empresas que cuidam do lixo na cidade.
Os empresários querem também que a prefeitura adite os contratos firmados. Alegam que não podem arcar com o aumento das despesas (salários e encargos), sem o acréscimo da remuneração.
A prefeitura ainda não sabe como viabilizar a proposta de contratação dos moradores de rua. As dificuldades começam com a necessidade de dar documentos e moradia para os sem-teto.
O diretor do Limpurb (Departamento de Limpeza Pública), Carlos Alberto Venturelli, disse que, pelo menos no começo, os mendigos iriam morar nos alojamentos das empreiteiras.
Augusto Carvalho Alves, presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur), afirma que isso não é possível.
"As empresas não podem dar alojamento ou acompanhamento psicológico e social. Temos de recebê-los prontos."
Um outro problema é o cadastramento dos mendigos. A prefeitura diz que vai permitir a contratação de apenas 5.334 sem-teto, que estariam registrados na Secretaria da Família e do Bem-Estar Social (Fabes) até o último dia 31.
Assim, impediriam que pessoas de outras cidades migrassem para São Paulo. O número de 5.334, porém, foi obtido em uma contagem realizada pela Fabes em 1996. Não houve cadastramento.
Segundo Adail Vettorazzo, secretário da Fabes, existem registros com nome e idade dos mendigos nos centros de conveniência e nos abrigos da prefeitura.
O secretário não sabe estimar, porém, quantos moradores de rua estão registrados.
Não têm também um plano para a readaptação do morador de rua ao convívio social e ao esquema permanente de trabalho.

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