São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997
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Glover revê história negra com sapateado

NS
DO ENVIADO ESPECIAL

"I want do bring in 'da noise, I want to bring in 'da funk." A frase, que virou o título do musical, é do sapateador Savion Glover, falando ao diretor George C. Wolfe, quando convidado para o espetáculo que criaram juntos.
Glover, "talvez o melhor sapateador que já existiu", no elogio de Gregory Hines, e certamente um fenômeno em alguns números de "Bring in 'da Noise", queria levar ao palco o barulho e o funk, a cultura negra, como o teatro poucas vezes conheceu.
É o que vem fazendo desde a estréia na Broadway, contrário à rigidez da mesma, em meados do ano passado. O pouco de enredo que tem o espetáculo é a história dos negros americanos contada, quase década por década, número por número, pelo sapateado.
Wolfe, diretor de "Angels in America" e autor/diretor de "Jelly's Last Jam", que iniciou o novo musical americano no início da década (com Hines e o então adolescente Glover), viu no jovem sapateador a memória viva e física da cultura negra no país. Na obsessão corrente dos negros americanos, fez de "Noise" uma aula de história carregada de política.
Não faltam buracos na trama, aliás, falta uma história na história do espetáculo, o que esvazia qualquer musical. Ao mesmo tempo, tem quadros irresistíveis, em que a percussão "de rua" (que faz lembrar "Stomp", visto em São Paulo no ano passado) dá o "beat" perfeito à coreografia "jazzística".
O "melhor sapateador que já existiu" vê o sapateado com uma liberdade que abrange todo e qualquer movimento, toda e qualquer "batida". Mais, ele vê o sapateado como um meio de comunicar-se, como uma língua própria, comum entre os negros, mas que fala, aliás, além deles.

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