São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997 |
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"Eles Matam..." tem o aval de Tarantino
CELSO FIORAVANTE
Norte-americano de origem irlandesa, residente em Los Angeles, Braddock começou a se interessar pelo universo latino a partir de sua estadia em Miami, a mais latina das cidades americanas, onde frequentou a universidade de cinema. Ali conheceu o produtor John Maass e a atriz Angela Jones, protagonista de "Eles Matam e Nós Limpamos" ("Curdled"), que estréia hoje no Rio e em São Paulo. O filme conta a história de Gabriela, uma colombiana que se emprega em uma empresa de limpeza em Miami para conhecer "in loco" detalhes de sangrentos assassinatos. Em entrevista à Folha, Braddock explicou como foi seu envolvimento com a cultura latino-americana e por que decidiu realizar um longa sobre o mesmo argumento já usado em um curta. * Folha - Como você se aproximou da cultura latino-americana? Reb Braddock - Várias razões nos levaram a esse universo. O primeiro foi o filme ter sido realizado em Miami, que é uma das cidades com maior influência latina nos EUA. Miami tem ainda uma alta criminalidade e foi ali que encontramos uma companhia especializada em limpar casas depois de crimes violentos. Esse tipo de empresa existe realmente em Miami. A partir daí, pensamos também que, se esse tipo de empresa existe, a pessoa que trabalharia nela seria provavelmente da América Latina, alguém muito curioso sobre violência, alguém que tivesse uma sensibilidade maior em relação ao assunto. A cultura americana é muito reprimida nesse sentido. Folha - O filme foi realizado de olho na audiência latina? Braddock - O filme é sobre Gabriela, que é uma imigrante da Colômbia. Assim acredito que a audiência latina vá apreciar mais o filme, embora ele não tenha sido feito pensando em um público específico. Os americanos também se divertiram com o filme. Folha - Por que vocês decidiram realizar o próximo filme (leia detalhes em texto nesta página) sobre cultura latina? Braddock - Eu tenho pessoalmente um interesse muito grande pela cultura latino-americana. Há muitas características que ainda não foram exploradas pelos norte-americanos. Passei muito tempo em Miami e posso garantir que muitas das características do roteiro são encontradas na cidade naturalmente. É uma cidade diferente e muito interessante. Folha - Como surgiu a decisão de se fazer um longa sobre o mesmo argumento de um curta realizado anteriormente em vez de tentar um outro argumento? Braddock - Fizemos o curta "Curdled" na faculdade, como uma tentativa de conseguir dinheiro para um longa sobre o mesmo argumento. Isso funcionou, pois Quentin Tarantino viu o filme no festival de Viarreggio, na Itália, e se propôs a ajudar na produção do longa. Talvez, se tivéssemos apresentado um roteiro diferente, não teríamos conseguido o apoio. Folha - A trilha sonora demonstra conhecimento da música pop latina. Como ela foi escolhida? Braddock - Tentei fazer um filme que parecesse e soasse como Gabriela, uma imigrante colombiana em Miami. Sabia então que a música seria importante nesse conjunto. Então, comecei a ouvir tudo o que podia e, quando encontrei a cumbia, que é um ritmo colombiano, vi que era perfeito. A partir daí descobrimos também outros ritmos e bandas, como Cafe Tacuba e The Fabulous Cadillacs. Texto Anterior: Cultura deve receber R$ 140 mi em 1997 Próximo Texto: Humor de Angela Jones segura filme Índice |
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