São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997 |
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Sam Shepard ganha quatro montagens de companhia
NELSON DE SÁ
Ganhou uma remontagem de "Buried Child", em texto revisto, com direção de Gary Sinise, ano passado; pouco antes escreveu "Simpatico", que estreou em 94. Agora, é o "dramaturgo residente" da companhia Signature Theatre, que tirou o ano para quatro montagens de Shepard, como antes havia feito com Edward Albee, no que se revelou o primeiro passo para o reencontro de Albee com o palco, na hoje famosa "Três Mulheres Altas". Shepard, na mais recente das montagens, a terceira, não chega à redenção de uma leitura inteiramente nova, como seria desejável e como aconteceu com Albee e com outros autores célebres que vêm sendo retomados (casos de Arthur Miller e do inglês Harold Pinter), mas está a caminho. Em especial na encantadora "The Sad Lament of Pecos Bill on the Eve of Killing His Wife", a primeira das três peças curtas que compõem a nova montagem. Mostra o exato momento em que Pecos Bill, um mito de cowboy do oeste americano, está para matar a mulher com quem acaba de se casar e que está presa à Lua, próxima de morrer de fome. É ainda, em muito, a dramaturgia fria, cortante, tão conhecida, mas está, ao que parece, no caminho da sensualidade e do humor seguido pelas remontagens de Pinter, mais recentemente. "Pecos Bill", como as demais da montagem, escrita no início dos anos 80, é aquela que permite -talvez pela característica musical- carregar mais na paródia do oeste americano, característica de Shepard, particularmente naquele período, em que escreveu também "True West". As demais, "Killer's Head", sobre os pensamentos de um homem na cadeira elétrica, e "Action", sobre um grupo nada ativo, ainda que avancem na mesma direção, deixam-se cair no caminho. (Aliás, curioso como Shepard, solitário, no público, reagia diante dos momentos menos felizes da montagem com ataques de tosse, deixando a platéia correndo no meio da apresentação, com grande barulho de botas.) (NS) Texto Anterior: Scott Elliot exalta teatro comercial Próximo Texto: Foreman aposta no kitsch Índice |
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