São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997 |
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União gasta R$ 14,3 bi mais que arrecada
VIVALDO DE SOUSA
Confirmado o resultado obtido pela Folha, ainda extra-oficial, o déficit das contas federais no ano passado foi 26,55% superior aos R$ 11,3 bilhões de 95. Essa conta inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central. Em 96, a equipe econômica tentou reduzir o déficit público pela metade controlando as contas de Estados e municípios, mas a própria área federal não colaborou. Os juros das dívidas interna e externa continuaram como um dos principais motivos do déficit. Os dados do Ministério da Fazenda mostram que o governo federal gastou R$ 14,8 bilhões com o pagamento de juros reais (acima da correção monetária) até novembro do ano passado. As despesas com pessoal e encargos sociais tiveram uma queda de 3,9% em 96, quando comparadas com as de 95. Gastos com pessoal ativo e inativo foram de R$ 43,3 bilhões, contra R$ 41,6 bilhões. Motivos da queda dessas despesas foi a suspensão de gratificações que estavam sendo pagas irregularmente (R$ 960 milhões de economia em 96) e a não-concessão de reajustes salariais a servidores. Em 96, o resultado das contas do setor público, que incluem ainda Estados, municípios e estatais, deve ter sido um déficit equivalente a 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país). No início do ano passado, o governo previa que esse déficit ficasse em 2,5% do PIB -metade dos 5% de 95, o pior resultado da década. Essa previsão foi revista depois para 3,5% do PIB. O ministro Pedro Malan (Fazenda) prevê resultados melhores em 97. A aposta de sua equipe é nos programas de recuperação financeira assinados com os Estados. Ao lado do déficit comercial (quando as importações superam as exportações), o déficit público é uma das principais ameaças ao sucesso do Plano Real. Quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa tomar dinheiro emprestado. Como não há dinheiro suficiente no mercado doméstico para bancar déficits tão grandes, o país fica mais dependente de capital externo. Essa dependência é reforçada pelos déficits comerciais, que fazem o país perder dólares. Isso precisa ser compensado com a atração de investimentos externos. Tais investimentos são atraídos por juros altos -que, se tornam as aplicações financeiras mais atraentes, geram despesas ainda maiores com a dívida pública. O Plano Real recriou o déficit público, que não acontecia desde 93, ao elevar os juros e acabar com o expediente dos governos de adiar despesas até que a inflação reduzisse o valor dos gastos. O déficit comercial surgiu porque, para reduzir a inflação, foi sobrevalorizado o real em relação ao dólar, barateando importações e penalizando exportadores. Texto Anterior: Weffort e Kandir vão para o Rio Próximo Texto: Banco não altera avaliação da Vale Índice |
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