São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997
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Banco não altera avaliação da Vale

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O Banco Bozano, Simonsen, um dos principais participantes do programa de privatização, manteve sua avaliação de US$ 11,7 bilhões para o preço mínimo total da Companhia Vale do Rio Doce após as mudanças feitas pelo governo no modelo de privatização.
A principal mudança foi a decisão de criar contratos de risco entre Vale e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para exploração de jazidas em fase de descobrimento quando a empresa for vendida.
Os produtos dessas jazidas serão 50% do BNDES, ou seja, da União, que é dona do banco. A fórmula atinge a maioria das jazidas potenciais da região de Carajás, exceto a de Corpo Alemão, que já faz parte de um contrato pelo qual o BNDES é dono de um terço do produto.
A criação dos contratos de risco foi sugestão da direção da Vale. Segundo a Folha apurou, há no BNDES o temor de que essa fórmula possa reduzir o valor de mercado das ações da Vale.
O diretor da área de desestatização do banco, José Pio Borges, disse que os contatos com potenciais compradores não haviam revelado nenhuma reação negativa.
Tirando dúvidas
Para Rodrigo Marques, analista do Bozano, Simonsen especializado na Vale, a tendência é não haver alteração do preço porque, com as mudanças feitas pelo governo, "deixa de haver riscos para o processo de privatização".
Pela análise de Marques, a solução dos contratos de risco retirou dos grupos contrários à privatização da Vale o principal argumento técnico que eles tinham para combater a venda da empresa.
Na sua avaliação, o fato de os acionistas da Vale passarem a ser donos de apenas 50% de jazidas potencialmente valiosas é menos grave para a definição do preço das suas ações. Para Marques, seria grave se o governo tivesse fixado um percentual alto para a remuneração dos atuais acionistas por todas as futuras descobertas.
Tal remuneração, com exceção dos casos que entrarem nos contratos de risco, será feita pela emissão de debêntures da Vale que serão entregues aos atuais acionistas. O Conselho Nacional de Desestatização decidiu que as debêntures renderão 2,5% no caso de descobertas de ouro; 1,8% para outros minerais, exceto ferro.

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