São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Cresce no Rio dissidência jovem do CV
SERGIO TORRES
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado do Rio detectou há 20 dias a presença do CVJ no agrupamento de favelas formado pelos morros da Mineira, São Carlos e Zinco, nos bairros do Catumbi e Estácio. Integram o CVJ meninos e adolescentes de até 17 anos, que aproveitam a prisão dos líderes do tráfico para assumir o controle da venda de cocaína e maconha em algumas das mais importantes favelas. Os menores do CVJ não respeitam a tradição de continuar obedecendo os chefões presos. "Para o pessoal do CVJ, bandido preso é bandido morto", disse o tenente-coronel Jorge Siqueira, comandante do 1º BPM (Batalhão de Polícia Militar), responsável pelo policiamento das áreas onde atua a nova facção. O assessor parlamentar da SSP, tenente-coronel Milton Corrêa da Costa, disse que foi montado um esquema especial de repressão ao CVJ. Por determinação do secretário de Segurança, general Nilton Cerqueira, o Batalhão de Operações Especiais da PM ocupou o morro de São Carlos, com incursões diárias pela Mineira e Zinco. Segundo o assessor, chegaram à SSP informações de que o CVJ tenta se instalar na favela do Jacarezinho (zona norte). A PM foi deslocada para a favela. O tenente-coronel Joel Domingos da Silva, comandante do 3º BPM, transferiu seu gabinete para o Jacarezinho. Dados divulgados pela SSP indicam que em 1996 foram detidos no Estado 3.121 menores de 18 anos, sendo 1.292 (41,39%) acusados de envolvimento com drogas. Em 95, segundo a SSP, 24,55% dos 2.484 menores detidos tinham envolvimento com uso ou tráfico de drogas. Em 94, o percentual era menor ainda. Houve naquele ano 2.287 detenções de menores, sendo 303 (13,25%) por suposto envolvimento com drogas. Sem escolaridade ou chance de emprego bem pago, os jovens favelados vêem no tráfico a oportunidade de ganhar dinheiro. Levantamento da SSP diz que um olheiro (avisa a chegada de policiais e estranhos) ganha R$ 80 por semana. O fogueteiro (dispara fogos de artifício quando a polícia invade) ganha R$ 100 semanais e o "vapor" (vendedor), de R$ 120 a R$ 150, mais comissão por venda. O valor das remunerações começa a subir à medida que o menor se enturma à quadrilha. Ao se tornar segurança da "boca" (ponto de venda), ele passa a receber de R$ 1.500 a R$ 2.000 por semana. Se virar gerente da "boca", o salário sobe: R$ 7.000 a R$ 10.000 por mês. O gerente-geral (segundo na hierarquia do tráfico) pode ganhar até R$ 40 mil mensais, segundo a SSP. O grande traficante ganha ainda mais. Na avaliação da SSP, ele ganha até R$ 1 milhão por mês. Texto Anterior: Rebelião de menores deixa 13 feridos Próximo Texto: Dívida levou a crime em MG, revela carta Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |