São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997
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Rebelião de menores deixa 13 feridos

DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 90 menores infratores internos do Instituto Padre Severino, na Ilha do Governador (zona norte do Rio), foram recapturados ontem à tarde nas imediações do instituto, após fazer uma rebelião e fugir do local.
Segundo o diretor do Padre Severino, Jorge Lima Pinto, que foi feito refém durante cerca de 40 minutos, é possível que cerca de dez tenham conseguido escapar.
Até o final da tarde de ontem, não havia sido feita a recontagem dos internos.
Os menores iniciaram o movimento por volta das 14h, queimando os colchões de um alojamento, como haviam feito no dia 31 de dezembro passado. Na ocasião, 23 menores fugiram, 6 morreram e mais de 30 ficaram feridos por queimaduras.
Os bombeiros, chamados pela direção do Padre Severino, foram ameaçados pelos menores com cortadores de grama e chaves de fenda. Os internos cortaram a mangueira com a qual os bombeiros procuraram inicialmente apagar o incêndio.
Em seguida, cerca de 50 policiais militares tentaram encerrar a rebelião. Do lado de fora do instituto, era possível ouvir vários disparos, mas o tenente-coronel Paulo Cardoso, que comandou a operação, negou o uso de armas de fogo.
Apesar disso, 13 menores tiveram de ser atendidos na ambulância do Corpo de Bombeiros, todos com ferimentos leves.
O diretor do instituto disse que os ferimentos foram provocados por brigas entre os próprios menores, pois teria havido uma discordância quanto à tentativa de fuga.
Segundo o diretor Lima Pinto, os menores pleiteavam passar o Carnaval em liberdade. Foi exibido um bilhete, supostamente escrito por um dos internos e dirigido à juíza de Menores Patrícia Acioly, que foi ao local.
"Senhora juíza: Queremos liberdade para passar o Carnaval na rua", afirmava o bilhete.
Baleados
O menor A.N.O. disse aos repórteres, através de uma janela, que dois companheiros haviam sido baleados durante a revolta, fato negado pela polícia e pela direção do instituto.
Ele também acusou de maus-tratos um dos coordenadores do Padre Severino, a quem chamou de Vinícius, e que teria o hábito de agredir os internos do instituto.
Lima Pinto declarou ter conseguido sua liberação pelos menores "com negociação".

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