São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997
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Enganos já se tornaram praxe

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As trapalhadas envolvendo a divulgação das importações e exportações mensais estão se tornando uma marca do governo Fernando Henrique Cardoso.
No dia 4 de janeiro de 95, três dias depois da posse de FHC, o MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo) divulgou erradamente que a balança comercial do mês anterior teria registrado déficit de US$ 47 milhões.
Dias depois, o MICT teve que corrigir a informação: o déficit, na verdade, tinha sido de US$ 809 milhões -uma diferença de 1.721%.
A causa do erro foi prosaica. Recém-empossada no MICT, a então ministra Dorothea Werneck requisitou à sua equipe uma série de informações -entre elas o resultado das importações e exportações de dezembro de 94.
Como o número ainda não estava fechado, técnicos do ministério enviaram à ministra uma estimativa: déficit de US$ 47 milhões. No entanto, Dorothea não foi informada que era uma estimativa.
A ministra ordenou que o número fosse divulgado à imprensa. Dias depois o verdadeiro déficit veio à tona e o governo teve de assumir o engano.
Em fevereiro de 96, outra trapalhada. As equipes do MICT e do Ministério da Fazenda disputaram para ver quem anunciava que a balança do mês anterior tinha sido superavitária em US$ 35 milhões.
A Fazenda queria que a boa notícia fosse dada pelo ministro Pedro Malan, que estava em viagem nos EUA. Dorothea exigiu, no entanto, que o resultado fosse divulgado em entrevista coletiva no MICT, como é feito tradicionalmente.
A ministra ganhou a batalha, mas a disputa causou atraso na impressão do calhamaço de 80 páginas com os resultados da balança.

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