São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997
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Propaganda paga caro pela CPMF

Agências repassam dinheiro

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucos setores da economia estão sendo tão afetados -negativamente- pela instituição da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) como as agências de propaganda.
Cálculos de alguns publicitários mostram que as agências terão uma redução entre 10% a 20% nas suas margens de lucro em 97 por conta dos encargos da CPMF. E essas margens, dizem eles, já se reduziram de forma substancial nos últimos anos.
No caso da W/Brasil, por exemplo, o pagamento da CPMF vai representar de 15% a 20% dos lucros, ou o equivalente a US$ 500 mil neste ano, segundo Ronaldo Gasparini, diretor de atendimento.
O que aumenta o impacto da CPMF, que passou a valer desde o dia 23 de janeiro, é que as agências de publicidade acabam funcionando como repassadoras de recursos dos seus clientes.
Receita e faturamento
Quando um anunciante faz uma campanha publicitária não paga diretamente as emissoras de televisão e rádio, jornais e revistas onde os anúncios são colocados, nem as empresas que forneceram o material para os comerciais.
O anunciante paga a agência de propaganda e ela repassa o dinheiro para os veículos de comunicação e para os fornecedores.
"É um imposto a mais para reduzir a rentabilidade das agências, e de uma forma injusta, porque incide sobre o faturamento total da agência e não sobre sua receita", afirma João Muniz, sócio e diretor da Lowe Loducca.
Em busca de opções
Por causa da CPMF, este início de ano tem sido mais agitado do que o usual no mercado publicitário entre os profissionais da área administrativa das agências.
Eles estão procurando alternativas para minimizar o impacto do novo imposto -que é de 0,2% sobre todos os cheques emitidos por pessoas físicas ou jurídicas.
Algumas agências, a conselho de bancos dos quais são clientes, estão procurando usar os cheques fornecidos pelos seus clientes para pagar fornecedores e veículos, quando isso é possível.
Novos clientes
Outras agências estudam a possibilidade de pedir para seus clientes fazerem vários cheques, de valores menores, para pagamento direto aos veículos e fornecedores.
Mas essa é uma opção recebida com pouco entusiasmo porque, como explicam Gasparini e Muniz, significaria grandes mudanças nos sistemas de pagamento e contabilidade das empresas.
Muniz não desanima, porém: está estudando algumas operações de engenharia financeira em busca de uma opção para pelo menos minimizar os efeitos da CPMF.
Para a agência W/Brasil, a solução é buscar novos clientes para tentar compensar a perda de rentabilidade provocada pelo novo imposto.

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