São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Veja como as empresas foram usadas nas negociações

1) A distribuidora de valores e títulos Negocial fazia contratos de investimento com pequenas empresas de vários setores
-As empresas não tinham capital nem porte para fazer aplicações sofisticadas no mercado financeiro (como hedge em moeda estrangeira), que normalmente são feitas apenas por grandes investidores
- A Folha teve acesso a um desses contratos, pelo qual uma empresa teria investido US$ 205 milhões em contratos futuros de taxa de câmbio
- Tanto a Negocial como a empresa eram correntistas da agência paulista do Beron (Banco de Rondônia). O ex-gerente da agência João Maury Harger Filho seria o elo de ligação entre as duas pontas
- O investimento não se realizava porque, antes da data prevista no contrato, a Negocial rompia o acordo e pagava a multa prevista

2) No caso do contrato obtido pela Folha, a multa foi de R$ 1.900.000,00
- O valor da multa era despositado por meio de vários cheques na conta da empresa no Beron. Extrato da conta da empresa no Beron obtido pela Folha comprova depósitos e retiradas

3) No mesmo dia em que a quantia era depositada, saía da conta. É possível observar no extrato da conta vários cheques com numeração sequencial
- Segundo a Folha apurou, a maioria dos depósitos era feita na conta de laranjas (pessoas que recebem e repassam o dinheiro em troca de comissão ou que são usadas sem saber) em agências de grandes bancos
- Várias dessas agências ficam na fronteira do país. Há também depósitos no exterior
- A operação fez desaparecer dinheiro, possivelmente, para reduzir o pagamento de Imposto de Renda e para encobrir "caixa dois"
- As empresas que participavam do esquema da Negocial no Beron ganhavam comissão de 0,2% sobre o valor de cada operação

Veja o caminho percorrido pelo dinheiro
- Entre julho de 94 e março de 96, a empresa contatada pela Folha movimentou R$ 13 milhões por meio da agência paulista do Beron
- Aproximadamente 90% do dinheiro tinha como origem a distribuidora Negocial, que depositava as somas com cheques dos bancos: Paulista, Itaú, Unibanco, Bamerindus, BCN, Banestado, Banespa, Rural, entre outros
- O dinheiro saiu da conta da empresa no Beron para contas de pessoas físicas e empresas nos seguintes bancos: Bradesco, Sistema, Safra, Banespa, Sofisa, Cidade, Real, Bamerindus, Paraná, BIC, Liberal, Boa Vista, Paulista, NAcional, Bemge, América do Sul, Econômico, Clássico e Noroeste

4) Um dos cheques, de R$ 1.276.500,00 foi recebido por Saturnino Ramirez Zarati no Paraná Banco. Zarati não foi localizado pela Folha no Paraná, Rio e São Paulo e é, provavelmente, um "laranja" encobrindo outra pessoa.

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