São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Porto fez desfile mais coerente

FERNANDO PAULINO NETO

FERNANDO PAULINO NETO; ROGERIO SCHLEGEL
DA SUCURSAL DO RIO

ROGERIO SCHLEGEL
No duelo de loucos de domingo na Marquês de Sapucaí, a Porto da Pedra mostrou maior coerência que o Salgueiro. Mesmo com menos componentes e luxo, a escola de São Gonçalo, a 20 quilômetros do Rio, foi mais clara do que a da Tijuca (zona norte), ao abordar o tema da loucura.
Os desfiles tiveram coincidências. Uma logo na comissão de frente: ambas estavam trajadas de Napoleão. A da Porto da Pedra estava de dourado e a do Salgueiro, de branco. As duas passaram sem comprometer. Outra coincidência foi um carro retratando o artista plástico Bispo do Rosário.
Bispo do Rosário foi interno de um hospício. Nesse ponto, a Porto da Pedra ganhou disparado. O carro e as alas anteriores imitavam as obras do artista.
No carro alegórico, um destaque estava caracterizado como Bispo do Rosário se vestia. No Salgueiro, em vez da característica 'mezzo' cabeleira, 'mezzo' careca de Bispo do Rosário, uma mitra (chapéu característico de bispo).
A opção do carnavalesco da Porto da Pedra, Mauro Quintaes, por dividir seus carros alegóricos em personagens mostrou ser de fácil entendimento. No Salgueiro, como as divisões do enredo eram menos "palpáveis", o entendimento ficou prejudicado.
No carro Barca do Sol, o Salgueiro levou para a avenida 15 pacientes ou ex-pacientes da Casa das Palmeiras, instituição criada pela psiquiatra Nise da Silveira. Eles não pagaram para desfilar.
O diretor do Instituto Franco Basaglia, uma ONG (organização não-governamental) que defende os direitos dos doentes mentais, Milton Pereira, 50, que sofre de esquizofrenia, gostou do desfile.
"Foi uma chance de travar um diálogo com a sociedade e mostrar que está superada a visão de que é preciso condenar os loucos à prisão perpétua em manicômios."

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