São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Liga examina genitálias e obriga modelos a se vestir

DA SUCURSAL DO RIO; DO ENVIADO ESPECIAL

Alessandra Borges, 20, Kelly Cristina, 22, Marcela Milk, 19, e Julie Alves, 21, foram impedidas de desfilar nuas ontem, na abertura do segundo dia do Carnaval 97 no Sambódromo do Rio.
A proibição partiu do presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, que examinou a genitália das moças em plena avenida para ver se elas estavam, sob a pintura dos corpos, usando tapa-sexo.
"Só entra com tapa-sexo. Senão vai perder ponto", afirmou Castanheira. "Mas isso é um tapa-sexo", reagiu a modelo Kelly Cristina exibindo a vagina onde ostentava um diminuto esparadrapo cirúrgico.
Apenas Alessandra Borges usava tapa-sexo. As demais usavam um pequeno pedaço de esparadrapo e, como isso é proibido pelo regulamento do desfile, elas foram obrigadas a se vestir.
Elas enrolaram camisetas na cintura para poder desfilar à frente da bateria da Santa Cruz.
Durante todo o desfile, as quatro foram acompanhadas de perto por quatro juradas da liga, para conferir se as camisetas iriam continuar no lugar.
No final do desfile, na dispersão, Kelly Cristina aparentemente passou mal. "Foi a emoção", disse.
A escola iniciou seu desfile às 19h35, com cinco minutos de atraso. O enredo apresentado foi "Não Se Vive sem Bandeira", sobre a história das bandeiras.
O embroglio com as rainhas de bateria da escola não foi o único problema da escola.
O carro das bandeiras, um dos últimos, bateu na torre usada por fotógrafos e câmeras no final da passarela.
"Na altura do setor 11 eu percebi que não ia dar para passar nem deitado", afirmou o destaque do carro, Alberto José, 15, que apresenta um programa de samba na CNT do Rio.
Ele disse que ficou com medo. "Quando eu cheguei na frente da torre, o pessoal disse para eu pular. Mas eu tive medo."
A segunda escola a desfilar ontem foi a Unidos de Viradouro, do carnavalesco Joãosinho Trinta, que trouxe como abre-alas um carro totalmente preto (leia texto na pág. 3).
A noite prosseguiria com a União da Ilha, que iria contar a história de Pereira Passos, prefeito que deu ao Rio de Janeiro a sua atual feição, com reformas urbanas profundas no início do século.

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