São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Esgoto do Guarujá pode ser cancerígeno

DA AGÊNCIA FOLHA, NO GUARUJÁ

O esgoto misturado com cloro e lançado no mar pelo emissário submarino do Guarujá (SP) pode estar conduzindo para próximo da praia uma substância cancerígena chamada cloramina.
A informação é do engenheiro Antônio Garcia Occhipinti, consultor internacional e projetista de emissários em todo o Brasil.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) vem misturando cloro ao esgoto lançado no mar em razão do rompimento do emissário, situado na praia da Enseada.
O emissário teria de conduzir o esgoto a 4.500 metros da praia, onde as condições de dispersão são consideradas favoráveis. O emissário, porém, sofreu três rompimentos e, atualmente, o esgoto vem sendo lançado a 1.100 metros.
Para atenuar o risco à saúde pública, desde 1996 a Sabesp reforçou a cloração do esgoto.
"A combinação da matéria orgânica com o cloro produz a cloramina, que é altamente cancerígena", afirmou Occhipinti. Segundo ele, em uma hora de banho de mar, o organismo absorve o equivalente a meio copo d'água.
Para isso, afirmou, seria necessário um período de pelo menos 30 minutos numa câmara de contato.
Junto com Sérgio Eiger, especialista em dispersão de poluentes, e Luiz Roberto Tommasi, professor-titular do Departamento de Oceanografia Biológica da USP, Occhipinti integra uma comissão nomeada pelo Ministério Público para avaliar o problema da balneabilidade das praias do Guarujá.
A comissão vai produzir um relatório que irá subsidiar um inquérito civil aberto pelo MP. Com base no parecer da comissão, a promotoria poderá impetrar uma ação civil pública contra a Sabesp.
Na avaliação de Occhipinti, o emissário do Guarujá está condenado. "Ele vai continuar rompendo", afirmou. O duto foi projetado para durar 30 anos, mas, em seis, já sofreu três rompimentos.
Isso vem ocorrendo porque, conforme o engenheiro, o emissário foi construído com material inadequado (polietileno de alta densidade, um tipo de plástico).
Segundo Occhipinti, a tubulação deveria ser de aço.
Sabesp
Diretores da Sabesp não foram localizados ontem para comentar a existência de substância cancerígena entre o esgoto lançado no mar no Guarujá.
A assessoria de imprensa informou que o único diretor da companhia autorizado a falar sobre o emissário submarino é o vice-presidente do Litoral, Oswaldo Aly.
No telefone celular de Aly, foram deixados recados na caixa postal, sem resposta até o fechamento desta edição.

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