São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Assistência não segue o ritmo das vendas

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de eletroeletrônicos cresceu muito mais nos últimos dois anos do que a estrutura das empresas para atender aos consumidores. Para recuperar a imagem -e tentar manter a clientela-, várias indústrias estão investindo em 1997 na ampliação de seus serviços de atendimento ao cliente.
O setor de eletroeletrônicos foi o terceiro mais reclamado no Procon em 1996, recebendo 4.331 queixas, a maior parte em relação a produtos com defeito ou problemas com assistências autorizadas.
Esse número de queixas corresponde a menos que 0,03% do total de unidades vendidas pelos fabricantes no ano passado. Mas o consumidor só recorre ao Procon, na maior parte dos casos, quando já esgotou sua paciência com inúmeros telefonemas ao SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da empresa e não teve o problema resolvido.
O número de reclamações pode ser ínfimo se comparado ao de vendas, mas a repercussão do fato é capaz de dar grande prejuízo ao fabricante.
O cliente insatisfeito não só deixa de comprar novamente o produto, como também fala mal da empresa a seus amigos e familiares que pedem recomendações na hora da compra.
"O boca-a-boca é muito forte. Além disso, custa em média entre cinco e sete vezes mais ganhar um novo cliente do que manter o já existente", afirma Maria Lúcia Zülke, consultora na área de SAC das empresas.
Esse dado, afirma, se refere a uma pesquisa da consultoria norte-americana Tarp, especializada em medir satisfação e lealdade dos consumidores.
Multibrás
Para conciliar a explosão nas vendas com um atendimento mais eficaz aos seus clientes, a Multibrás, dona das marcas Brastemp, Consul e Semer, está investindo R$ 2,5 milhões em 1997 na ampliação de seu SAC.
A Multibrás -que liderou as reclamações no setor de eletroeletrônicos- irá aumentar o número de linhas telefônicas, modernizar equipamentos, aumentar e treinar o quadro de funcionários de seu serviço de atendimento já a partir deste mês, afirma Ricardo Etchenique, diretor da empresa, que foi a 11ª mais reclamada do país no Procon em 1996.
"O consumidor está mais exigente e mais esclarecido. Nunca havíamos sido tão procurados como agora."
A Gradiente -36ª na lista das mais reclamadas- está desenvolvendo um projeto de ampliação de seu SAC. Segundo Susana Kokron, gerente do serviço de atendimento ao cliente, a Gradiente irá aumentar em 70% o número de funcionários, linhas telefônicas e máquinas do departamento em 1997.
O investimento não foi revelado. Ela conta que a empresa está atuamente"reavaliando os procedimentos do serviço".
A Sharp também está modernizando equipamentos e treinando atendentes de seu serviço ao cliente. A empresa não divulga os investimentos e diz que o novo atendimento será lançado em breve.
A Philips, que também fabrica a marca Walita, afirma que seu Centro de Informação ao Cliente (CIC) já está preparado para atender às 380 mil ligações que recebe por ano.
Segundo a empresa, 91% das ligações são pedidos de informação sobre, por exemplo, onde comprar ou consertar um aparelho.
A empresa duz estar preparada para atender ao problema do consumidor na primeira ligação. Quando isso não ocorre, o prazo para resolvê-lo é de 24 horas.
A Philips não está entre as mais reclamadas. Ela sofreu 24 queixas no Procon, todas atendidas. A verba da empresa para seu CIC é de R$ 2 milhões por ano.
Outras empresas que estão na lista das mais reclamadas, como a Bosch Continental e a Prosdócimo, não informaram se pretendem ampliar seus serviços de atendimento ao consumidor.

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