São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Argentina protesta contra a alta da tarifa telefônica

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

A Argentina assistiu ontem a um novo tipo de protesto: o blecaute telefônico (em espanhol, "apagón telefónico" ou "telefonazo").
Entre 12h45 e 13h, os manifestantes não utilizaram os aparelhos e saíram as ruas batendo panelas e tocando cornetas.
O motivo do ato foi a mudança nas tarifas do serviço, elevando os preços das chamadas locais para compensar a diminuição das de longa distância e internacionais.
As empresas Telefônica e Telecom, que exploram o serviço no país, pedem a barateamento das tarifas interurbanas e internacionais para poder concorrer com as empresas que vendem o sistema de "call back", que lhe estão tirando clientes nos últimos anos.
No "call back", o usuário estabelece horários prévios com a empresa servidora e tem desconto, geralmente, de mais de 50%.
As chamadas locais tiveram aumentos de 36% a 57%, dependendo do horário. Praticamente não houve inflação no país em 1996.
Buzinaço
No centro das grandes cidades, como Buenos Aires e Rosario, os motoristas aderiram buzinando.
Houve concentrações nas agências das empresas telefônicas em todos os bairros. O ato mais importante aconteceu na sede central da empresa Telefónica, concessionária do serviço no sul do país.
As associações de consumidores e os partidos de oposição UCR (União Cívica Radical) e Frepaso (Frente País Solidário) organizaram todos os atos.
"O governo tomará consciência de que deve voltar a mediar as negociações entre empresas e consumidores", diz Graciela Fernández Meijide, senadora do Frepaso.
O governo tem 48 horas para entrar com recurso contra a decisão da juíza Maria Sarmiento, que anulou os decretos presidenciais que alteravam as tarifas.
No dia 30 de janeiro, o presidente Menem assinou os decretos, e o ministro de Economia, Roque Fernández, afirmou que as privatizações no setor na Argentina geraram "um mercado monopolista com altas tarifas, que prejudicam o consumidor".

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