São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997 |
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Oferta sobre teles é final, diz Lampreia
CLÓVIS ROSSI
A informação foi dada ontem pelo chanceler Luiz Felipe Lampreia, que acompanha o presidente Fernando Henrique Cardoso na visita oficial à Itália, e diz respeito às negociações para um acordo global nessa área, que envolve negócios da ordem de US$ 600 bilhões. O limite anunciado pelo chanceler é a mais recente proposta brasileira. Foi feita esta semana em Genebra (Suíça), sede da OMC (Organização Mundial do Comércio), em cujo âmbito se negocia o acordo de telecomunicações. Prevê total abertura ao capital externo, na área de telefonia celular e de satélites de comunicações, a partir de julho de 1999 (hoje, o limite na área de celulares é de 49% de capital estrangeiro). Mas não foi feita oferta na área da telefonia convencional, a não ser o compromisso de manter, pelos próximos dois anos, a abertura que o Congresso vier a decidir, ao apreciar o projeto de Lei Geral de Telecomunicações. O projeto não fixa porcentagens para a participação estrangeira, deixando tal prerrogativa a critério do Executivo. O governo norte-americano elogiou a proposta brasileira, mas disse esperar mais ainda. É o que Lampreia agora diz que não pode ser feito. "O Executivo não pode se comprometer internacionalmente com algo que ainda não é lei internamente", justifica o chanceler. Mas ele acredita que "não há razão para que se faça alguma restrição à oferta brasileira". "Interesse gigantesco" Ou seja, o ministro dá a entender que a reação norte-americana é apenas para tentar extrair algo mais do governo brasileiro. Resta saber se os EUA continuarão ou não considerando o Brasil como parte essencial do que o jargão diplomático chama de "massa crítica" de países dispostos a abrir seus mercados. Ou seja, um número suficiente para cobrir a maior parte da telefonia convencional no planeta. À Folha, durante o Fórum Econômico Mundial, realizado também na Suíça e encerrado dia 4, o subsecretário norte-americano de Comércio, Stuart Eizenstat, dissera que o Brasil era parte dessa massa crítica. Mesmo que não haja acordo, Lampreia não vê maiores prejuízos ao Brasil: segundo ele, "virão este ano de US$ 5 bilhões a US$ 7 bilhões" em investimentos externos nas telecomunicações brasileiras. Mas um acordo tornaria ainda mais atraente um mercado que, sempre segundo Lampreia, atrai "gigantesco interesse na comunidade internacional de negócios", a julgar pelas conversas que tanto ele como o presidente Fernando Henrique Cardoso vêm tendo. Em todo caso, não é só nessa área que o governo brasileiro sente interesse externo. Ontem, por exemplo, o empresário italiano Sergio Cragnotti (grupo Cirio) disse ao presidente que a sua companhia vai transformar a Bom Bril em uma grande "multinacional brasileira do setor alimentar", lançando inclusive ações na Bolsa de Nova York. Câmbio Sobre câmbio, Lampreia foi tão enfático quanto FHC o fora anteontem: o chanceler nega até que haja qualquer discussão no governo a respeito de uma eventual mudança na política cambial. Mas reconheceu que é preciso estimular as exportações (dificultadas pela moeda forte) porque "o Brasil tem perdido fatias de mercado em vários setores". Texto Anterior: Vinte anos de hegemonia Próximo Texto: Eletricidade ficará 4,6% mais barata em abril Índice |
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