São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997
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Árabes se decepcionam com a realidade

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As prisioneiras palestinas postas em liberdade se decepcionaram com a realidade encontrada do lado de fora das grades israelenses.
Anos de cárcere alimentaram sonhos de autonomia que não se concretizaram. "É agradável caminhar pelas ruas sem que estejam presentes soldados israelenses, mas esta não é uma paz verdadeira", disse Abir Uahaidi, 22, presa em 1992 e condenada a 18 anos de prisão por participar da morte de um colono judeu.
"É difícil para mim sorrir", afirmou Rula Abu Daho, 28. Quando Rula foi presa, em 1988, os territórios palestinos presenciavam o auge da luta pela independência.
A Intifada, luta palestina contra ocupação israelense, passava por seus dias mais agitados, o líder Iasser Arafat estava exilado em Túnis (Tunísia) e a Autoridade Nacional Palestina ainda não existia.
As duas palestinas estavam entre as 31 prisioneiras soltas anteontem junto com Lamia por Israel.
Apesar de decepcionadas com a situação palestina, Rula e Abir garantiram que continuarão a lutar contra o domínio judeu. Desta vez, de forma pacífica.
"Eu combatia por meu país e minha dignidade e continuarei neste caminho. Mas há distintas etapas na luta", disse Abir.
Iasser Arafat elogiou a libertação das palestinas. "É uma grande contribuição para o processo de paz", disse ele em Ramallah, onde recebeu as prisioneiras, consideradas heróis da luta pela independência dos territórios palestinos.
Solidariedade
As prisioneiras, de diferentes vertentes políticas (desde comunistas até fundamentalistas islâmicas), mantiveram um marcante espírito de solidariedade durante os anos de prisão.
Em 1995, quase todas poderiam ter saído do cárcere, mas preferiram permanecer, frente à recusa das autoridades israelenses em soltar quatro delas, que se envolveram em assassinatos de judeus. Rula era uma das que não seriam libertadas. "Devo minha liberdade às outras prisioneiras."

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