São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997
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CIRCUITOS DA INFORMAÇÃO

Há várias formas de avaliar as expectativas empresariais, sobretudo nos mercados financeiros. Nesse pólo essencial da economia, informação é tudo. E a sua interpretação rápida, a compreensão clarividente de como e quando poderá mudar um "clima" é decisiva.
É nesse nervosismo quase inato e permanente que os mercados financeiros vivem. Parece portanto compreensível que toda e qualquer declaração de autoridades, especialmente do presidente da República, sobre temas econômicos seja tão relevante na formação de expectativas.
Veja-se por exemplo o presidente Fernando Henrique Cardoso, que causou alvoroço ao tocar, com ênfase, na questão cambial brasileira, durante palestra realizada na sede da Confindustria, a poderosa Confederação Italiana da Indústria. "Não consideramos a hipótese de alterar a atual política cambial. Repito, não consideramos a hipótese de alterar a atual política cambial", afirmou, em Roma, o presidente da República.
O que as autoridades muitas vezes esquecem, e talvez isso tenha ocorrido com FHC, é que em assuntos de política econômica, mas principalmente em questões cambiais, o silêncio é a melhor estratégia. Nessa área, dizer que nada muda pode atrapalhar, porque os mercados se perguntam, em última análise, por que o presidente considera necessário reafirmar, agora, com ênfase, o que já se sabe. O próprio ministro do Planejamento, Antonio Kandir, reconheceu que o governo teria muito a aprender com a organização das escolas de samba, que aliás também têm muito a ensinar na área de comunicação.
Mas, além das dificuldades naturais para o governo se fazer compreendido, o fato é que precisamente na questão cambial ou, de modo mais amplo, no que se refere especificamente às contas externas, ainda pairam algumas dúvidas fundamentais.
As autoridades, muitas vezes no intuito de desobstruir os circuitos de informação, podem afinal acabar provocando curtos-circuitos.

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