São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997
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Cidade de SP dá trabalho a sem-teto

FOLHA VALE

A prefeitura de São José dos Campos (97 km de São Paulo) anunciou esta semana a criação de frentes de trabalho para 21 pessoas que moram sob o viaduto da avenida Nélson D'Ávila, no centro da cidade.
Outras medidas em estudo pelo governo do prefeito Emanuel Fernandes (PSDB) são a criação de mutirões habitacionais e do "banco do povo"-mecanismo de crédito para quem quiser montar seu próprio negócio.
O projeto das frentes de trabalho prevê o pagamento de um salário médio de R$ 250 para as pessoas que aderirem ao programa.
A secretária de Desenvolvimento Social, Maria Emília Carvalho, disse que a meta do governo é incentivar as pessoas beneficiadas a criarem cooperativas de trabalho.
As frentes de trabalho devem ser estendidas aos moradores de outras áreas clandestinas, como o viaduto da Johnson.
A criação das frentes de trabalho foi recebida com ressalvas pelos sem-teto que moram no viaduto da avenida Nélson D'Ávila, apesar de 21 pessoas terem aderido ao programa.
"A prefeitura não fez nenhuma proposta para tirar a gente daqui", afirmou o desempregado Romeu andrade, que não aderiu à frente.
"Nós teremos três meses de salários, que até darão para bancar um aluguel. Mas, depois, não sabemos o que vai acontecer", disse Mauro Lopes.
Ele e a mulher, Maria de Castro, dividem um barraco com três filhos.
Mesmo tendo assistido a reuniões com assistentes sociais, Silva não entendeu como a prefeitura vai formar as cooperativas.
"Estou vendo só os três meses de salário. Não sei se vai dar para continuar trabalhando depois."
O governo do PSDB em São José vai adotar projetos defendidos pelo PT, mas apenas parcialmente implantados ou não-incorporados durante a gestão da ex-prefeita Angela Guadagnin (PT).
Para viabilizar as frentes, a administração do PSDB vai usar um projeto do Executivo, aprovado pela Câmara em 95.
Na época, a ex-prefeita Angela Guadagnin (PT) conseguiu autorização para contratar 400 funcionários temporários.
Passados dois anos, apenas metade das vagas foram utilizadas.
O principal defensor da contratação foi o ex-vereador Luiz Paulo Costa (sem partido), ex-aliado de Angela e apontado hoje como um dos principais articuladores políticos da administração tucana.
Com a adoção das medidas, a administração deve dificultar o trabalho do PT de São José, primeira força a declarar oposição ao governo tucano. O presidente do PT, Jair Stroppa, afirma que as frentes de trabalho "acentuam as contradições da administração do PSDB".

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