São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997
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Equador debate a volta na terça

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A QUITO

Mesmo fora do país e praticamente sem chances de recuperar o cargo, o presidente deposto Abdalá Bucaram ainda causa debate e transtorno político no Equador.
A principal discussão é sobre a volta de Bucaram ao país. Diversas lideranças políticas defendem a abertura de inquéritos criminais e de um julgamento político assim que o deposto voltar.
Em princípio, Bucaram aterrissa em Guayaquil na terça-feira, uma semana após sair do país.
Depois de Panamá e Argentina, pretende visitar Colômbia, Panamá de novo e Haiti. Países como Brasil e Peru, destinos iniciais do giro latino-americano do deposto, parecem ter sido descartados.
"Acho que, em alguns casos, mesmo com o perdão, é preciso haver penalidades", afirmou o secretário da Conferência Episcopal Equatoriana, monsenhor Antonio Arregui. A Igreja Católica é a instituição mais prestigiada do país, juntamente às Forças Armadas.
O presidente interino Fabián Alarcón articula a abertura de um julgamento político para Bucaram. Segundo a Folha apurou, seu grupo político estaria reticente em relação aos processos criminais por corrupção devido às dificuldades em obter provas concretas. "O serviço sujo foi bem feito", disse um deputado pró-Alarcón.
O juízo político em um Congresso majoritariamente contrário ao presidente deposto seria mais conveniente e fácil. O objetivo principal é cassar seus direitos políticos.
"No país, Bucaram ainda tem reservas de popularidade que podem ser aumentadas se ele ficar em suas bases por um bom tempo", disse o analista político Jaime Duran, editor do boletim "Informe Confidencial".
Para tanto, além das eventuais investigações, o Partido Social Cristão colocou em tramitação um projeto que prevê o fim de direitos políticos para presidentes derrubados pelo Congresso -mas não definiu como o projeto, se aprovado, valeria para Bucaram.
No campo interno, Alarcón já definiu a reestruturação de seu gabinete. O maior problema está nas estatais. Há dificuldades para se formar a diretoria da Petroecuador, a Petrobrás local, considerada um reduto de Bucaram.

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