São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997
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SOB OS OLHOS DO MUNDO

Desde que o movimento liderado por Fidel Castro derrubou o governo de Fulgencio Batista, em 1959, adotando em seguida o socialismo em Cuba, as impressões sobre a nova estrutura de poder sempre foram em grande parte preconcebidas, tanto as negativas como as favoráveis.
Para os idealistas de esquerda, Cuba havia se tornado o grande exemplo de alternativa ao capitalismo. Já os opositores de Fidel, principalmente o governo e significativa parcela da opinião pública dos EUA, consideravam o dirigente a personificação do mal em território centro-americano.
A forte censura dos meios de comunicação em Cuba contribuiu para tais análises. Como em qualquer regime fechado, o governo sempre divulgou informações positivas sobre o país, sem permitir qualquer transparência com relação aos problemas políticos, econômicos e sociais internos. Essa estratégia autoritária de se relacionar com o resto do mundo, baseada no inaceitável controle da informação, ainda hoje fornece munição para justificadas críticas do exterior.
Já consciente da necessidade de alterar ao menos em parte suas relações com Cuba, o governo norte-americano acaba de conceder permissão para que dez veículos de comunicação dos EUA se instalem na ilha. A rede de televisão "CNN" foi o primeiro deles a também conseguir a autorização do governo cubano.
Trata-se de uma abertura de grande importância para que o país possa abandonar o autoritarismo na área da informação e inserir-se plenamente na comunidade internacional. Se o trabalho jornalístico dos norte-americanos tiver a liberdade que a atividade exige, Cuba poderá se libertar de estigmas e, possivelmente, tornar-se mais propensa a mudanças.
É imperativo, para a própria sobrevivência da sociedade cubana, que haja uma abertura política e econômica. E, se o mundo, por meio da imprensa, puder acompanhar o país com uma proximidade maior, esse processo poderá ocorrer com mais rapidez e menos conflitos.

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