São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 1997 |
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A discussão sobre a banda cambial no Banco Central Como é hoje * Existem, desde março de 95, um limite mínimo e um limite máximo para a cotação do dólar. É a chamada banda cambial * O governo trabalha com um intervalo grande entre o piso e o teto para o dólar. Os limites atuais, R$ 0,97 e R$ 1,06, vigoram desde 30 de janeiro de 96 * No meio desse intervalo, há uma "minibanda" informal, alterada periodicamente. Hoje, os limites da minibanda são R$ 1,0485 (piso) e R$ 1,0535 (teto) * Na maioria dos países que usam bandas cambiais, o Banco Central só intervém no mercado quando o dólar ameaça ultrapassar os limites. No Brasil, isso só acontece na minibanda * O objetivo dessa política cambial é desvalorizar gradualmente o real em relação ao dólar, mas sinalizando que não haverá alterações abruptas Prós e contras * A banda "larga" serve para tranquilizar o mercado, afastando temores de que o governo possa promover uma maxidesvalorização do real para estimular as exportações * Como o governo fixa uma banda com intervalo de variação muito grande, sabe-se que não haverá alterações no câmbio durante muito tempo * A especulação, porém, continua no mercado futuro de dólar, em que os especuladores apostam na alta futura da moeda norte-americana * Para tranquilizar esse mercado, o BC é obrigado a vender títulos da dívida pública indexados ao dólar, demonstrando que não pretende acelerar a desvalorização do real * O governo considera a atual política cambial como de transição. Considera-se que o ideal seria caminhar no sentido de dar maior liberdade de flutuação para o dólar Como pode ficar * Embora a banda "larga" ainda possa ser mantida, avalia-se que ela já cumpriu seu papel: hoje, o mercado não aposta mais em mudanças drásticas no câmbio a curto ou médio prazo * O sistema de banda e minibanda pode ser trocado por um regime de banda única * A minibanda seria um pouco 'àlargada", ganhando um espaço de variação maior que o atual. A atual banda larga deixaria de existir * Ou seja: haveria uma banda oficial mais estreita que a atual, mas sem minibandas dentro * Dentro dessa nova banda, a cotação do dólar flutuaria livremente a partir dos movimentos de compra e venda do mercado * A política de desvalorização gradual do real continuaria no mesmo ritmo, mas com alterações mais frequentes dos limites da banda Prós e contras * O governo caminharia no sentido que considera ideal: permitir maior liberdade de flutuação para o dólar * O BC ganharia maior facilidade para administrar o câmbio, pois hoje a banda larga fica imutável durante muito tempo * Essa liberdade, porém, pode ser perigosa: como hoje existe mais entrada que saída de dólares do país, a moeda norte-americana tende a se desvalorizar, prejudicando as exportações * Se decidir pela alteração (ou aperfeiçoamento) das bandas, o BC se submete a um teste de credibilidade. Terá que fazer a mudança com o mínimo possível de turbulência no mercado Condições para as mudanças * Avalia-se que, para encurtar a banda, o BC teria que possuir melhores mecanismos de combate à especulação * Hoje, além de fazer leilões de compra e venda de dólares, o BC vende títulos cambiais para dar tranquilidade ao mercado * O BC não intervém, porém, na BM&F, onde ocorrem os negócios mais especulativos com a cotação futura do dólar * Avalia-se que há muitas imperfeições nesse mercado futuro de câmbio. O exemplo principal é que há mais compradores que vendedores * Quem compra dólar no mercado futuro a um determinado preço aposta que, no final do prazo da operação, a moeda norte-americana estará valendo mais * Se houver poucos vendedores na outra ponta da operação, a tendência é as apostas dos compradores especuladores aumentarem, fazendo as cotações subirem no mercado * O BC não cogita entrar nesse mercado como vendedor, mas estuda um meio de evitar a especulação excessiva Texto Anterior: BC quer conter especulação com dólar Próximo Texto: Controle com títulos cambiais funciona, mas pressiona dívida Índice |
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