São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 1997
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Controle com títulos cambiais funciona, mas pressiona dívida

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central pode adotar medidas para controlar mais diretamente os movimentos especulativos com o dólar no mercado futuro, em transações feitas na BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros), com sede em São Paulo.
Se tomar tais providências, será uma pista de que pretende promover alterações no atual sistema de bandas cambiais, segundo avaliam técnicos ligados ao mercado de câmbio.
Grosso modo, o mercado futuro funciona com um comprador e um vendedor negociando o preço futuro de uma mercadoria ou a variação de um índice.
Exemplo simplificado: se um especulador acredita que o dólar chegará a R$ 1,10 em seis meses, fechará um contrato de compra de câmbio a R$ 1,09 para esse prazo, com o objetivo de ter lucro ou evitar prejuízos.
Para que a transação ocorra, é preciso que haja um vendedor, na outra ponta, disposto a vender dólar a R$ 1,09. Esse vendedor só entra no negócio se acreditar que o dólar estará valendo menos que isso em seis meses.
Mais compradores
O problema do BC, hoje, é que há mais compradores que vendedores de câmbio na BM&F -candidatos a vendedores seriam os grandes exportadores que, entretanto, não costumam operar nessa Bolsa. Isso favorece a especulação, porque o mercado fica desequilibrado.
A banda larga, hoje, faz o papel de reduzir a especulação no mercado à vista, deixando margem, porém, à especulação no mercado futuro.
Como o BC não opera na BM&F, resta combater essa especulação vendendo títulos da dívida pública indexados à variação do dólar.
Esses papéis oferecem um negócio seguro em dólar, desestimulando a especulação, mas a dívida do governo aumenta.
Por isso, o Banco Central estuda outras formas de controlar a especulação no mercado futuro de câmbio para o caso de decidir trabalhar com uma banda cambial mais curta.
Sem intervenção
Está fora de cogitação, segundo a Folha apurou, o BC atuar diretamente na BM&F como vendedor de dólar.
Isso, na avaliação técnica, destruiria esse tipo de mercado, porque nenhum dos participantes teria poder de fogo semelhante ao do Banco Central.

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