São Paulo, segunda-feira, 17 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arcaísmo eleitoral

VALDO CRUZ

Brasília - Tucanos e pefelistas são adversários mortais, na Bahia. Bem diferente do que acontece em Brasília, onde os dois grupos se amam.
Nas últimas eleições municipais, o PSDB lançou um médico, Sérgio Passos, para disputar a Prefeitura de Caldeirão Grande, a 400 km de Salvador.
O tucano não tinha domicílio eleitoral na cidade. Pediu transferência, alegando que tinha propriedade e clinicava no município.
A Justiça Eleitoral da região negou, justificando que a propriedade de Passos na cidade era improdutiva.
Os tucanos recorreram ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Perderam. Pouco antes das eleições de 96, recorreram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília. Conseguiram uma liminar, e Sérgio Passos ganhou o direito de disputar a eleição municipal.
O médico tucano acabou ganhando a eleição. Ficou com 52,5% dos votos válidos, vencendo a candidata do PFL, Eliane Bezerra.
Em novembro do ano passado, a Justiça Eleitoral decidiu diplomar o novo prefeito. Como o TSE tinha concedido apenas uma liminar, mas não julgara o mérito da ação dos tucanos, a Justiça local diplomou a segunda colocada, Eliane Bezerra.
A confusão não parou por aí. No dia da posse, em janeiro deste ano, a Câmara Municipal quis empossar o seu presidente como prefeito.
Os vereadores entendiam que o nome do novo prefeito dependia de um julgamento do TSE.
A Justiça Eleitoral não concordou e empossou Eliane Bezerra. A pefelista governa a cidade há um mês e meio.
Enquanto isso, o TSE ainda não julgou o caso, quatro meses depois da eleição municipal.
Os tucanos acusam a Justiça Eleitoral de estar aliada ao PFL. Os pefelistas, defendendo a Justiça, dizem que a candidatura de Passos era ilegal.
Alguém está errado nessa história. Os tucanos, os pefelistas ou a Justiça Eleitoral. Sinal de que o país precisa reformular rapidamente sua legislação partidária e eleitoral e acabar com os velhos currais eleitorais.

Texto Anterior: Purificação dos mortos
Próximo Texto: Un pò di chiesa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.