São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Jobim pede juiz exclusivo para o massacre

ABNOR GONDIM
DO ENVIADO ESPECIAL A CURIONÓPOLIS

O ministro Nelson Jobim (Justiça) vai pedir hoje ao presidente do Tribunal de Justiça do Pará, Romão Amoedo, um juiz exclusivo para conduzir o processo que apura o massacre de 19 sem-terra pela Polícia Militar, em abril de 1996.
A reivindicação foi apresentada ao ministro durante visita a Curionópolis, onde tramita o processo movido contra 155 PMs que participaram do choque com os sem-terra, em Eldorado do Carajás (leste do Pará).
Com a visita a Curionópolis, Jobim iniciou peregrinação pelos Estados do Pará, Rio Grande do Sul e São Paulo para pedir providências das autoridades estaduais para combater a violência no campo.
A designação de um juiz exclusivo para o caso foi defendida pelo promotor de Curionópolis, Marco Aurélio Lima de Nascimento, que está responsável pela elaboração da denúncia contra os PMs.
"Com um juiz e um promotor específicos para o processo, eu acredito que o julgamento dos envolvidos poderá acontecer em dois anos", disse Nascimento.
Atualmente, o promotor e o juiz de Curionópolis, Laércio Laredo, são obrigados a acompanhar mais 400 processos nas áreas cível e criminal.
Denúncia coletiva
Segundo Nascimento, o procurador-geral do Estado, Manoel Santino, já se comprometeu a designar um ou dois promotores para o caso tão logo o Tribunal de Justiça aceite a sugestão que será levada pelo ministro.
Até março, o promotor vai apresentar "denúncia coletiva" contra os PMs à Justiça por abuso de autoridade e homicídio doloso (intencional).
Para ele, é difícil no momento individualizar os crimes. Ele espera obter isso ao longo do processo.
Auditoria Militar
As lesões praticadas pelos PMs contra 68 militantes do movimento dos sem-terra serão apurados em outro processo pela Auditoria Militar.
O promotor disse que os ônibus que conduziram os policiais militares ao local da chacina foi pago pela CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), que tem convênio com a instituição.

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