São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Problemas começaram em 74

DA REDAÇÃO

Os problemas de saúde de Darcy Ribeiro começaram em 1974. Estava passando férias em Portugal, em dezembro, quando descobriu que sofria de câncer pulmonar.
Na época, Darcy -que vivia no exílio desde 1968- teve seu retorno ao país autorizado pelo regime militar. "Eles imaginavam que eu voltaria para morrer", disse.
Tratou do câncer no Brasil: "Quando descobri que era mortal, levei um grande susto. Eu, que nunca fui supersticioso, me apeguei a um colar de prata, feito por africanos, cheio de feitiço, que uma amiga me deu." Fez uma operação que retirou um de seus pulmões. Ficou totalmente curado.
No final de 1994, porém, descobriu que tinha câncer na próstata. Foi internado no dia 6 de dezembro daquele ano no Hospital Samaritano, no Rio, com pneumonia, e depois foi levado para a UTI.
Depois de ficar 21 dias internado, decidiu fugir: "UTI é uma merda, UTI fede. Só fica lá quem está querendo morrer. Um monte de gente gemendo, esperando a morte. Pedi para o médico me dar alta. Ele não deu, então eu fugi".
Com a ajuda de um amigo médico, viajou para sua casa em Maricá (RJ), projeto de Oscar Niemeyer, com os cômodos voltados para o mar. Lá descansou e concluiu seu livro "O Povo Brasileiro", que havia iniciado 30 anos antes.
"Quando percebi que as pessoas começavam a achar que eu ia morrer, resolvi terminar de escrever as coisas que venho pensando nos últimos anos. Não posso morrer sem terminar uma análise da trajetória brasileira nos últimos 30 anos".
Em fevereiro de 1995, já sem cabelos devido ao tratamento, voltou a Brasília para reassumir sua cadeira no Senado. "Estou ótimo, minha filha", disse a uma repórter: "Só estou careca, mas estou lindo". Lamentava ter perdido os cabelos: "Sempre fui muito bonito, charmoso. O Itamar morria de inveja do meu topete no Senado".
Em seguida, porém, descobriu que estava com diabetes. Em junho de 96, desabafou: "Para que tanta doença? Tenho câncer na próstata e a metástase está furando meus ossos. E agora a diabetes. Logo eu, que gosto tanto de rabada".

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