São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Proer eleva a rentabilidade do Real

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Passada a pior fase da inadimplência do Plano Real, os bancos começam a desovar balanços com lucros substantivos. Hoje, trazem seus números a público o Real, conglomerado financeiro de Aluízio Faria, e o América do Sul, banco ligado à comunidade japonesa do país.
O Banco Real lucrou R$ 337 milhões, após os impostos, no ano passado. A rentabilidade sobre o capital investido (patrimônio líquido, de R$ 1,6 bilhão) foi de 21%. Em 95, a rentabilidade fora de 11%.
"Foi o nosso melhor resultado nesta década", comemorou o diretor-geral do banco, Renê Aduan.
A elevada rentabilidade ocorreu devido à venda, ao Banco Central, de créditos contra o FCVS (Fundo de Compensação de Variação Salarial). O FCVS é um instrumento do Sistema Financeiro da Habitação criado para cobrir rombos nas carteiras imobiliárias dos bancos quando as prestações forem reajustadas abaixo do valor previsto em contrato para seguir os índices de reajuste salarial dos mutuários.
O Real vendeu cerca de R$ 1 bilhão de créditos contra o FCVS ao governo, para utilização no Proer (programa oficial de reestruturação do sistema financeiro). Recebeu, para cada real de valor de face, R$ 0,35. Fizeram o mesmo Bradesco e Itaú.
No caso do Real, a operação respondeu por um lucro líquido de cerca de R$ 190 milhões. Para o Bradesco, o ganho foi da ordem de ordem de R$ 400 milhões antes dos impostos. O Bradesco, em 96, apresentou um lucro líquido de R$ 824,5 mi, o maior da história das empresas privadas brasileiras. A rentabilidade ficou em 15,1%. O Itaú ainda não publicou o balanço do ano passado.
Tarifas
Tirando o efeito do FCVS, o balanço do Real -a ser publicado hoje- foi beneficiado pela maior cobrança de tarifas sobre serviços bancários e administração de fundos de investimento. O segredo, segundo Aduan, foi crescer dentro da própria estrutura, aumentando o número de clientes.
"Conquistamos mais 600 mil clientes, elevando para 2,2 milhões o número de pessoas com investimentos ou conta no banco", diz Aduan. A meta da instituição é terminar 97 com mais 450 mil clientes, que elevariam o número de correntistas para 2 milhões e o total para 2,65 milhões.
No ano passado, o volume de recursos de terceiros administrado pelo Real subiu 62,5%, para R$ 15,95 bilhões. A carteira global de empréstimos subiu 11,3%, para R$ 5,8 bilhões. O total de ativos bateu em R$ 15,56 bilhões.
A inadimplência dos clientes foi reduzida em 14,1%, para R$ 188 milhões.
América do Sul
No Banco América do Sul, os calotes da clientela chegaram a R$ 100 milhões. A cifra corresponde a cerca de 5% do total de empréstimos. No ano de 95, o pior da crise provocada pelos juros altos do Plano Real, o índice bateu nos 8%.
"A inadimplência no mercado financeiro ainda está muito alta", avalia Kohei Denda, presidente do América do Sul.
O banco apurou um lucro líquido de R$ 49,2 milhões em 96, com rentabilidade de 13,45% sobre o patrimônio líquido, de R$ 365,9 milhões. No ano anterior, a rentabilidade fora de 5,47%.
"Passamos este ano a provisionar (separar reservas contra perdas) 100% dos empréstimos em atraso superior a 60 dias", afirma Denda.
Fundado há 57 anos, o América do Sul tem 143 agências e 5.420 funcionários.

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