São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Elvis Presley; Crash Test Dummies; André Macedo; Myriam Eduardo; Ensaio Vocal

SYLVIA COLOMBO; PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Elvis Presley
A coletânea "Great Country Songs" (BMG) ressalta uma faceta pouco conhecida do ídolo pop. O rosto suado e gordo sob os holofotes -imagem de sua fase decadente que se transformou em um símbolo da fase final de sua carreira- talvez não tenha nada a ver com o rapaz que aparece na capa deste disco, com chapéu de caubói e sorriso de galã. Mas, para quem não sabe, o início da carreira de Elvis Presley esteve extremamente vinculado às raízes da música country do seu país.
Quando assinou seu primeiro contrato com a RCA, em novembro de 1955, foi apresentado aos executivos da gravadora como um cantor de música country. Nessa época, o roqueiro ainda citava excessivamente aquilo que crescera escutando: canções de artistas como Hank Williams, Red Foley e Bill Monroe.
No álbum, é interessante notar como ele já revestia essas canções tradicionais com os elementos que caracterizariam seu pop: uma interpretação nervosa, uma batida mais acelerada e o arroubo das finalizações. A maioria das canções que esta compilação traz é de gravações do final dos anos 50.
Entre elas estão alguns clássicos do gênero, como "I Forgot to Remember to Forget" (Kesler/Feathers) e "Blue Moon of Kentucky" (Bill Monroe). Nos anos 70, Elvis voltou a se interessar pelo tema, e gravou "Funny How Time Slips Away" (Willie Nelson) e "Make the World go Away" (Hank Cochran).
(SC)

Crash Test Dummies
A banda Crash Test Dummies, natural de Winnipeg, Canadá, chega ao terceiro disco com "A Worm's Life" (BMG). O trunfo ainda é a voz de barítono de Brad Roberts, que chega a lembrar David Bowie quando este quer parecer muito macho. O outro trunfo é a simpatia que o grupo desperta entre fanáticos por televisão e/ou rádio. Fora isso, seu rock tem inclinação pop e é frouxo. No auge da ousadia, ereções matutinas são os temas de eleição ("My Own Sunrise").
(PAS)

André Macedo
"É Carnaval em Salvadô..." "André Macedo" (independente) é bom para trio elétrico. Nem a participação mais que especial de Armandinho salva o disco do axé pasteurizado que é. E assumido, da melação dos refrões às referências nominais, citando Chiclete com Banana, Asa de Águia, Timbalada e toda a turminha. Destaque, se possível, para um pot-pourri animadinho de músicas de Caetano e, sempre, para o bandolim eletrificado -ou "guitarra baiana"- de Armandinho.
(SC)

Myriam Eduardo
Do Piauí vem o CD "Sentidos" (tel. 086/225-3081), da cantora Myriam Eduardo. É trabalho dominado por certo clima campestre, marcado em referências abundantes a natureza, a violeiros, a luares, a água, a nirvanas -algo hippie às pampas, portanto. A voz, que canta de repertório novo a Gilberto Gil ("Geléia Geral", "Funk-Se Quem Puder") e Fagner ("Cavalo Ferro"), é jovem, jovem demais -inclina-se ao agudo e expõe-se tênue demais, por enquanto.
(PAS)

Ensaio Vocal
Do Piauí vem também "Ensaio Vocal" (tel. 086/222-2211), do grupo homônimo, que une oito vozes (quatro femininas, quatro masculinas) em interpretações em estilo coral para canções em geral inclinadas ao regionalismo. Há Alceu Valença ("Coração Bobo"), Chico Buarque ("Cantando no Toró") e Caetano Veloso ("Canto do Povo de um Lugar"), repetidos nas mesmas fórmulas corais, em resultado que, ao fim da audição, vai além da exaustão.
(PAS)

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