São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Paris assiste hoje pré-estréia de "Tieta do Agreste", no Odeon

RODRIGO ARCO E FLEXA

ESPECIAL PARA A FOLHA

"Tieta do Agreste", de Cacá Diegues, entra em cartaz na França a partir de amanhã. A pré-estréia da fita acontece hoje à noite, no Odeon, em Saint Germain, Paris.
Lançado em grande circuito no Brasil no ano passado, o filme é uma das maiores produções da atual fase de retomada do cinema brasileiro, dono de um orçamento superior a R$ 5 milhões.
Visto até agora por mais de 500 mil pessoas no Brasil, "Tieta" foi exibido neste mês no Festival de Miami, nos EUA, e começa a ser lançado em países da Europa.
Depois que a produção nacional praticamente chegou a zero com a extinção da Embrafilme, no início do governo Fernando Collor, o desempenho de "Tieta" mostra que o cinema brasileiro está reencontrando o seu público.
"Mais de meio milhão de espectadores é fantástico", diz o produtor da fita, Bruno Stroppiana. Italiano de Turim, Stroppiana vive no Rio de Janeiro desde 1974.
Em 75 fundou a Sky Light, produtora de mais de 40 longas nacionais, entre eles filmes de Arnaldo Jabor, Tizuka Yamazaki e Norma Bengell, além de fitas estrangeiras.
Pouco antes de tomar o avião para o lançamento de "Tieta" em Paris, Bruno Stroppiana falou à Folha sobre seus novos projetos, entre eles as filmagens de "Estorvo" e "O Xangô de Baker Street".
*
Folha - Como será o lançamento de "Tieta" na França?
Stroppiana - Sua pré-estréia é dia 18 (hoje), no Odeon. Será uma pré-estréia com um certo glamour, num cinema de prestígio. No dia 19 ele entra em cartaz em Paris. "Tieta" já foi lançado na Espanha e será exibido na Itália e Alemanha. Isso mostra como o dinheiro investido em cinema dá retorno para imagem do Brasil.
Folha - "Tieta" custou mais de R$ 5 milhões, investimento que ainda não foi pago pela bilheteria. Como o senhor avalia isso?
Stroppiana - "Tieta" teve mais de meio milhões de espectadores. Isso é fantástico. O retorno de dinheiro, por enquanto, é apenas uma primeira saída, pois o filme está sendo vendido para vários países. É raríssimo uma fita de certo porte se pagar no próprio país.
Folha - Qual é o papel do produtor na nova fase do cinema brasileiro?
Stroppiana - O produtor modificou o seu perfil. Antigamente era o dinheiro da Embrafilme e acabou. Poucas co-produções tinham dinheiro de fora. Agora você tem que captar recursos no mercado.
Folha - O que o senhor produziu depois de Tieta?
Stroppiana - Depois fiz "Buena Sorte", com direção de Tânia Lamarca. Um filme "country" que mostra o interior que dá certo.
Depois produzimos "For All", de Buza Ferraz e Luiz Carlos Lacerda. Agora estamos captando dinheiro para o "Estorvo", que terá direção de Ruy Guerra, e "O Xangô de Baker Street", com direção do Miguel Faria Jr..
Folha - Qual é, afinal, o grande problema do cinema brasileiro?
Stroppiana - A distribuição e exibição, além de faltar um pouco de infra-estrutura. É preciso produzir com a qualidade que o mercado internacional exige.

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