São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997![]() |
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Donnellan decepciona
NELSON DE SÁ
Com livro e música da dupla Alain Boublil/Claude-Michel Schoenberg, a mesma dos megamusicais "Les Misérables" e "Miss Saigon, e a direção de Donnellan, prometia muito mais do que apresentou. Estreou meses atrás como o megamusical da temporada, mas precisou ser retirado às pressas, sob tiros da crítica, para uma completa remontagem, desde as músicas e a trama. Reestreou com o profissionalismo esperado das grandes produções do gênero, mas ainda um passo aquém do esperado. Pouco se nota da simplicidade que caracteriza a obra de Donnellan e do cenógrafo Nick Ormerod, a melhor dupla de encenadores dos anos 90 no teatro inglês. Apesar de limitar-se à madeira na cenografia e ao figurino de tons próximos e pouco elaborado, o "design" é pesado, com alguns efeitos que lembram até o helicóptero famoso de "Miss Saigon". Mas o que torma mais carregada a produção é mesmo a trama confusa, ou as tramas, já que reúnem-se no palco dois ou mais enredos conflitantes entre si. Um deles, o principal, é a reação do vilarejo francês, de sua parte católica, ao avanço protestante. O outro, o amor que une Arnaud du Thil, que se faz passar por Martin Guerre, herdeiro das terras do vilarejo, e Bertrande, mulher de Martin Guerre; Martin Guerre, o próprio, deixa para trás a mulher, aparentemente morre na guerra para salvar Arnaud, mas volta e descobre os dois amantes, a tal altura, tornados protestantes. Outras histórias, como a do revoltado Guillaume, entram pela trama, a certa altura incompreensível. Uma cena em especial, aquela em que os católicos do vilarejo avançam para matar os protestantes, é eletrizante por mostrar-se de forma tão crua e consciente como o espelho do próprio grande público, do tempo presente. (NS) Texto Anterior: Atuação de Smith é tudo Próximo Texto: Monotonia marca 'Creation' Índice |
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