São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997 |
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Nara Roesler se abre para os jovens
CELSO FIORAVANTE
Se de um lado, como diz Nancy Betts, curadora da mostra, o nome remete ao fato de não serem obras totalmente aceitas pelo mercado, o título da mostra funciona também como aviso aos artistas de que, para entrar no mercado, é preciso, além de talento, obstinação. A mostra aposta em dez artistas, alguns ainda frequentando aulas de artes plásticas. São eles Antonio Dorta, Fabio De Faria, Rafael Assef, Rosangela Dorazio, Celina Yamauchi, Christiana Moraes, Luiz Diniz, Marina Eisler, Marco di Giorgio e Tonico Lemos (os dois últimos presentes no projeto "Antarctica Artes com a Folha"). Além do fato de estarem no inícios de suas carreiras, outra característica que os une é o fato de todos partirem de procedimentos híbridos no uso de suas técnicas. "A impossibilidade de não estar contaminado faz com que esses artistas possam ousar. Isso não é absolutamente novo, mas permite a eles um frescor em suas buscas", diz Marcos Moraes, que divide a curadoria com Betts. Ambos professores de história da arte na Faap, de onde provém também boa parte dos artistas. Embora a mostra não tenha estabelecido um tema a ser tratado, algumas características perpassam alguns trabalhos. "São recortes mínimos, mas que quebram de alguma forma com o uso tradicional da linguagem. Em todos os trabalhos em fotografia, por exemplo, existe algum tipo de interferência", explicou Betts. Christiana Moraes realiza objetos de parede que se referem ao corpo da mulher e a algum tipo de mutilação. É a que trabalha com a maior gama de materiais, ao utilizar gaze, véu, cabelos e prótese. Mas é um corpo que, embora dilacerado, estabelece um paralelo com as vivências do universo femininos por meio da delicadeza e do rigor de sua composição. A remissão a um corpo fragmentado marca também Rafael Assef, que constrói seus trabalhos por meio da manipulação de negativos ampliados em papel fotográfico em grande formato. Outro corpo, menos ortodoxo, se apresenta nos trabalhos de Tonico Lemos, que mostra uma série de trabalhos com algodão (corpo) confinado em vidro (pele). Não faltam ainda pintores, embora também eles trabalhem com uma pintura contaminada pela fotografia. Fabio De Faria cria em suas telas ambientes ideais, vazios, que denotam seu interesse pelo corte fotográfico. Também Antonio Dorta parte de fotografias, que ele próprio realiza, para criar suas paisagens externas, obscurecidas por um novo olhar. Mostra: Nunca Te Prometi um Mar de Rosas Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 011/852-3897, Jardins) Vernissage: hoje, às 21h Quando: até 3 de março Texto Anterior: West End reage com grandes atuações Índice |
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