São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta de estrutura ameaça Operação Centro

ANDRÉ LOZANO; MARCELO GODOY; MAURO TAGLIAFERRI; OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Operação Centro, iniciada ontem com o objetivo de aumentar a segurança na região central de São Paulo, ameaça fracassar devido à falta de estrutura de todos os órgãos envolvidos.
Devido à falta de entrosamento entre a Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público e Prefeitura de São Paulo, a maioria das pessoas detidas pela manhã estava de volta às ruas horas mais tarde.
Os delegados que atendiam as pessoas recolhidas pela PM reclamavam que a identificação e triagem delas deveria ser feita por algum órgão da prefeitura.
Também consideraram que os moradores de rua deveriam ser recolhidas a albergues, em vez de retornar às vias públicas.
Os 320 PMs da tropa de choque que participaram da operação prenderam três pessoas por porte de entorpecente, detiveram um adolescente por furto e capturaram dois foragidos da Justiça.
Os PMs também conduziram 82 adolescentes ao SOS Criança e 13 camelôs à regional da Sé. A tropa de choque levou 213 pessoas a distritos policias do centro. Segundo o Comando de Policiamento de Choque, das 8h às 10h cerca de mil pessoas foram revistadas.
Na região da Santa Ifigênia, a polícia registrou em média 27 ocorrências por dia em janeiro passado. Anteontem, haviam sido comunicados 23 casos ao 3º DP. Ontem, com a operação da PM, a delegacia registrou, apenas das 8h às 20h, 35 ocorrências.
A maior parte dos policiais militares envolvidos na operação precisou acompanhar os acusados às delegacias de polícia.
Isso reduziu em cerca de 50% o contingente policial nas ruas no período da tarde.
"Não há como manter o mesmo ritmo de trabalho durante todo o dia. A burocracia toma muito tempo dos policiais após a detenção de suspeitos", afirmou o capitão Paulo Roberto da Silva Vieira, comandante da cavalaria da PM.
O número reduzido de policiais envolvidos na operação também fez com que ela fosse restrita ao centro, permitindo que supostos marginais escapassem dele, alojando-se nos bairros.
Crianças
O SOS Criança recolheu ontem 31 crianças e adolescentes carentes das ruas do centro. Desse total, 19 foram encaminhados a abrigos ou para suas famílias e 12 retornaram para as ruas.
"Não há como impedir que um menor, que não seja infrator, deixe o SOS Criança. Ele tem direito de voltar à rua, caso deseje", disse o coordenador do SOS Criança, Paulo Vitor Sapienza. "Mas considero a operação um sucesso. Recolhemos dez crianças a mais do que em dias normais."
(André Lozano, Marcelo Godoy, Mauro Tagliaferri e Otávio Cabral)

Texto Anterior: Cliente se queixa de erro em cobrança
Próximo Texto: Delegados criticam ação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.