São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997 |
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PM usa 'olhômetro' na seleção de suspeitos
DA REPORTAGEM LOCAL A Polícia Militar usou critérios subjetivos para definir os suspeitos que foram revistados ontem, no primeiro dia da Operação Centro.O capitão Paulo Roberto da Silva Vieira, comandante da Cavalaria da PM, que foi responsável pelo patrulhamento do "centro velho", escolhia apenas pelo olhar quem devia ser revistado. "Quando uma pessoa é encarada por um policial e desvia o olhar, se inibe, se tenta correr ou se esconder, é considerada suspeita e revistada", afirmou o capitão. "Em regra, quem não deve nada não teme a polícia e não precisa desviar o olhar." Na opinião do capitão, a aparência e a cor da pele da pessoa não determinam se ela é ou não suspeita. Para ele, os bandidos se vestem conforme o local que frequentam. "Na região dos Jardins, é comum encontrar assaltantes usando terno, gravata e celular." Silva Vieira admitiu que o "olhômetro" pode cometer injustiças, obrigando pessoas inocentes a passar por constrangimentos: "Mas esse é o preço que a população precisa pagar para viver numa cidade segura". Já segundo o comandante do policiamento de choque, Carlos Alberto de Camargo, os policiais foram instruídos a abordar as pessoas com discrição. "Não pode causar vexame ao cidadão, mas sim tentar obter a adesão dele", declarou. Também o promotor de Justiça da Cidadania, Fernando Capez, que acompanhou a operação policial na praça da República ontem à tarde, disse não ter tomado conhecimento de qualquer abuso. "Haverá um certo desconforto, mas o sacrifício vai redundar em maior proteção. Só haveria ilegalidade se as pessoas estivessem sendo presas ou submetidas a vexame", afirmou. Cavalaria A região da estação da Luz, conhecida como "cracolândia" devido ao grande número de viciados em crack, foi policiada pela cavalaria da PM. A abordagem aos suspeitos não utilizou violência. A maioria dos indivíduos aceitava passivamente a averiguação e eventual encaminhamento à delegacia. "A maioria das pessoas revistadas está dominada pelas drogas e normalmente nem consegue reagir", afirmou Silva Vieira. A PM montou uma base na esquina das ruas dos Gusmões e dos Triunfos. Policiais a cavalo, com revólveres e cassetetes, faziam "arrastões" pelas ruas da região, levando os suspeitos até essa base. Quem portava documento e não era procurado pela Justiça, era liberado no local. Quem estava sem identificação, era encaminhado para o 3º Distrito Policial, onde passava por identificação de impressões digitais. Texto Anterior: Juízes classistas querem processar Nelson Jobim; Polícia reconstitui morte de atropelada; Soldado é acusado de assaltar motéis Próximo Texto: Maioria é pobre e negra Índice |
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